Sem energia elétrica, EUA já sofrem com mudanças climáticas
Impacto ambiental das grandes indústrias já vem sendo sentido.
O consumo desenfreado de recursos do planeta é uma realidade há alguns anos. Às vezes, fica difícil distinguir se isso se deve à incessante busca por lucro ou se de fato ultrapassamos os limites ambientais.
A questão é que agora o planeta está nos mostrando os resultados disso. Em 15 de novembro de 2022, o mundo atingiu a marca de 8 bilhões de habitantes, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Esse número vem crescendo constantemente desde a década de 1960. Curiosamente, essa época marcou tanto o início do boom comercial quanto os primeiros alertas dos cientistas sobre os riscos do aquecimento global e como nossas ações poderiam intensificá-lo.
Falta de energia é consequência de impactos ambientais – Foto: Canva
Setores responsáveis pela mudança climática
Hoje, o setor de alimentos é um dos maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, gerando cerca de 40% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Além de utilizar 60% das terras agrícolas do mundo, como revelado por um estudo de 2018 do Faunalytics, e de ocupar 40% da superfície terrestre com fazendas industriais, o setor de alimentos consome também 70% da água doce disponível.
Para alimentar bilhões de pessoas, são utilizados incríveis 52,8 milhões de galões de água por segundo, consumindo entre 30% e 40% da energia global no processo.
Até 2050, espera-se que a população mundial atinja 9,5 bilhões de pessoas. Em 2017, os Estados Unidos já previam que 60% da população global estará vivendo em áreas urbanas até esse ano.
Assim, a produção precisará aumentar em 50% em relação a 2012 para acompanhar essa demanda crescente. No entanto, isso é apenas uma parte do problema, já que os EUA estão enfrentando escassez de energia elétrica.
Após 15 anos de estabilidade, a demanda por energia está aumentando novamente, e aqui estão os motivos.
Vilões do passado e futuro
Engana-se quem pensa que a startup Interlune, fundada pelo ex-presidente da Blue Origin, Rob Meyerson, tem apenas o objetivo de minerar hélio-3 da Lua para reduzir a exploração dos recursos naturais e as emissões de gases de efeito estufa na geração de energia.
Se até 2050 o hélio-3 se tornar uma fonte sustentável de energia elétrica, os custos ocultos da indústria não diminuirão o suficiente para proteger o planeta ou seus habitantes.
Atualmente, o estado da Geórgia, nos EUA, com mais de 10 milhões de habitantes, enfrenta escassez de energia devido à crescente demanda industrial.
As projeções para 2030 são 17 vezes maiores. Tanto é que a Arizona Public Service já prevê estar fora da capacidade de distribuição até o final da década.
Com base nisso, a corrida pela eletricidade ganhou um novo participante ativo, responsável pelo desequilíbrio na cadeia: a inteligência artificial.
Os data centers, conhecidos como grandes consumidores de energia, estão exacerbando a escassez ao exigirem infraestruturas que consomem mais energia do que os centros de processamento tradicionais.
A Microsoft, juntamente com outras gigantes como Amazon e Apple, construirá um novo data center a cada 3 a 6 dias este ano nos EUA.
O norte da Virgínia e o Texas precisarão de energia equivalente a várias usinas nucleares para atender à demanda desses novos centros, segundo a Agência Internacional de Energia.
Enquanto isso, a política industrial de Biden atrai fabricantes, incluindo os de tecnologia limpa, como painéis solares e baterias de carros elétricos, impulsionados por incentivos federais lucrativos.
Existe solução para esse problema, afinal?
Para especialistas energéticos e cientistas políticos envolvidos no debate, a questão mais relevante não é se os EUA têm capacidade tecnológica e física para resolver esse problema.
Em vez disso, o foco deve ser saber se o governo permitirá que as fornecedoras de energia atuem livremente ou se serão obrigadas por lei a adotar soluções mais limpas e econômicas durante essa crise.