O futuro da imersão nos games: nova IA da Ubisoft cria diálogos amplos em NPCs
Conhecida como 'Ghostwriter', a IA possui grandes chances de revolucionar o cenário atual e aprimorar a experiência dos jogadores.
Com o constante aprimoramento das ferramentas de IA, os games têm se beneficiado cada vez mais, resultando em uma melhoria notável na qualidade e na experiência dos jogadores. Isso ocorre principalmente em razão da colaboração entre inteligências artificiais e desenvolvedores de jogos que já é uma tradição na indústria, acompanhando anos de evolução tecnológica.
Devido ao fato de a conversação em um jogo ser um dos maiores fatores de imersão para os players, muitas empresas começaram a investir em ferramentas para transformar seus NPCs em verdadeiros falantes que condizem com a atitude do jogador.
Contudo, grande parte dos modelos possui limitações destacadas, como a repetitividade de falas, por exemplo. No entanto, um novo modelo desenvolvido pela Ubisoft promete revolucionar essa área dos jogos.
Ubisoft lança IA que cria conversas de NPCs
Imagem: Ubisoft/Reprodução
No mais recente Game Developers Conference (GDC), a Ubisoft La Forge, a divisão de pesquisa da renomada empresa francesa de jogos, apresentou ao mundo seu novo lançamento: o “Ghostwriter”. Essa inovadora ferramenta de IA aprimora a criação de diálogos de NPCs (personagens não jogáveis), elevando a narrativa dos jogos a patamares nunca antes vistos.
Para entender esse novo recurso e seu uso no mercado, é necessário ter conhecimento de pequenos conceitos antes, como o que são os chamados barks e o motivo de serem problemáticos.
Os barks e suas limitações
Barks são basicamente diálogos utilizados em jogos eletrônicos, ditos principalmente por NPCs. Essas linhas de texto têm o propósito de transmitir informações relevantes e aumentar a imersão do jogador, tornando a experiência mais envolvente e a narrativa mais clara.
Um exemplo disso seria uma fala dita por algum pedestre em “GTA V” ou até mesmo algum comentário proferido por um morador em “Red Dead Redemption”. Porém, com a gama de personagens que aparecem no caminho dos jogadores durante o game, fica difícil construir interações diversificadas.
E é aí que surge o espaço para a propagação do novo “Ghostwriter” da Ubisoft, que possivelmente será mais utilizado em títulos da empresa, como a famosa franquia de “Assassin’s Creed” ou “Watch Dogs”.
Como a ferramenta funciona?
O recurso, desenvolvido por Ben Swanson, é capaz de construir diferentes formar de expressar uma mesma frase, aumentando, assim, as possibilidades de falas mesmo com a criação de poucos barks por parte dos roteiristas.
O desenvolvedor já trabalhava com modelos desse tipo, como o “Al Dungeon”, um RPG em que o jogador precisa expressar em texto sua ação e a IA criaria o possível resultado para tal. Contudo, foi a partir de 2021 que Swanson voltou seus olhares para a pesquisa em inteligências artificiais e foi trabalhar com a Ubisoft.
Ao contrário do que possa parecer, ele não gera diálogos aleatórios. O roteirista fornece informações contextuais, como a situação e a emoção desejada para o diálogo, e o “Ghostwriter” cria variações automaticamente.
No entanto, vale destacar que a ferramenta não elimina o papel criativo do roteirista, que continua a moldar e revisar as sugestões para garantir que elas se alinhem à visão do jogo. A responsabilidade de capturar a linguagem da época retratada e criar gírias e expressões ainda recai sobre o roteirista.
Embora o “Ghostwriter” esteja em fase de testes internos e ainda não tenha sido usado em jogos, sua promessa de melhorar a qualidade dos diálogos de NPCs abre discussões empolgantes sobre o futuro da criação de jogos, além de aprimorar os games, aumentando o foco no desenvolvimento de diálogos de qualidade por roteiristas, mantendo seus empregos atuais.