Nova descoberta arqueológica revela como eram atividades lúdicas do passado
Dizem que os artefatos representam divindades ou tenham significado ritualístico para as sociedades da Idade do Cobre que as criaram. Veja!
Recentemente, placas de ardósia em forma de coruja foram encontradas em túmulos e fossos em toda a península Ibérica. Nessa região, milhares de artefatos arqueológicos foram descobertos.
Estudos dizem que essas placas representam divindades ou possuem significado ritualístico para as sociedades da Idade do Cobre que as criaram.
Porém, uma nova pesquisa preconiza que os artefatos que cabem na palma da mão decorados com padrões geométricos e com dois círculos gravados no topo podem ter sido feitos por crianças e possivelmente eram usados em atividades lúdicas naquele período.
Esses achados são semelhantes a corujas, além de serem milhares e terem sido feitos com ardósia. Eles são datados em um período entre 5.500 e 4.750 a.C. e podem ser “o rastro arqueológico de atividades lúdicas e de aprendizado realizadas por jovens”, cita a equipe responsável pelo novo estudo.
“Objetos semelhantes a corujas feitos em pedra fornecem talvez um dos poucos vislumbres do comportamento infantil no registro arqueológico das antigas sociedades europeias”, afirmam os pesquisadores.
A equipe de pesquisa liderada por Juan Negro, biólogo evolutivo da Estação Biológica de Doñana do Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha, em Sevilha, comparou que as ardósias possuem aspectos faciais de gêneros de corujas identificadas na Espanha e em Portugal.
Veja a semelhança:
Foto: Negro et al., Scientific Reports, 2022
Há mais de um século, esses fatos são debatidos por arqueólogos, mas, agora com essa pesquisa, a conversa muda de patamar e se revigora.
Juan Negro e seus colegas não descartam a possibilidade de que as placas possam ter sido usadas como oferendas funerárias ou em rituais, também existe a hipótese de que os jovens homenageavam os falecidos deixando com eles objetos que fizeram juntos.
“Quando a pedra é esculpida, ela tem a particularidade de alternar sua cor preta natural com o branco das linhas que foram gravadas, característica que facilita a imitação da plumagem enigmática das corujas”
“Se as crianças, como o maior grupo demográfico dessas comunidades, as produzissem, esses tipos de placas deveriam ser muito mais comuns, quando, na verdade, essas placas com qualidades de coruja representam apenas cerca de 4% de todas as placas“.
“O que ninguém está questionando é como as corujas estão há muito tempo entrelaçadas na cultura humana. Esses pássaros majestosos foram retratados ‘desde o alvorecer da arte’ no período paleolítico”, segundo Juan Negro e seus colegas.
“Isso pode ter a ver com encontros frequentes com corujas reais, criaturas da noite com características antropomórficas salientes”, concluem os pesquisadores.