Estudos apontam que insetos podem sentir dor; o que isso vai mudar?

Estudos recentes mostraram estímulos que indicam dor nos insetos, o que pode impactar a legislação de proteção animal; entenda.

A morte de insetos para produção de alimentos e ração animal ocorre em números astronômicos mundialmente, chegando a 1 trilhão por ano. O abatimento ocorre de diferentes formas, incluindo temperaturas extremas de calor e frio.

Por muitos anos, os insetos foram considerados animais que não sentem dor na hora da morte. Porém, segundo pesquisas feitas pelo site The Conversation, algumas espécies têm essa sensação. 

Imagem zangão
Foto: Reprodução

Os autores consultaram mais de 300 estudos científicos de onde encontraram evidências sobre as dores sentidas pelos insetos. Além disso, realizaram uma análise com “zangões”, tendo a conclusão de que:

“[…] a maneira como eles reagiram aos estímulos foi semelhante às respostas de dor em humanos e outros animais.”

Desse modo, a constatação traz muitas indagações sobre como deveria ocorrer o abate de insetos, considerando as leis de proteção aos animais, e acumula ainda mais provas de que eles podem sofrer.

Por ser algo extremamente pessoal, cientistas descrevem que é difícil responder se os insetos de fato sentem dor. Porém, conseguem observar como reagem em determinados estímulos, o que ajuda a entender a sensação.

Nocicepção

Borboleta pousada numa folha
Foto: Reprodução

Percebida na maioria dos animais, a “nocicepção” é o fenômeno que ocorre a partir de estímulos negativos, que causam reações semelhantes aos reflexos. Segundo os pesquisadores, os insetos também possuem essa ocorrência, porém essa não é uma condição que dá a certeza de o animal sentir algo parecido com a dor que o ser humano sente.

Durante um estudo com zangões, os cientistas colocaram dois comedouros com açúcar, sendo um deles aquecido e o outro não. Assim, quando os dois recipientes tinham a mesma quantidade de doce, os insetos preferiram o menos quente.

Mas, no momento em que o local mais açucarado era o mais quente, elas passavam “por cima” do medo do calor para aproveitar a doçura da água. Isso demonstra que a escolha das abelhas foi além do reflexo, demonstrando que também podem sentir dor.

O estudo também valida que os insetos se lembravam dos recipientes e decidiram se alimentar com base nessa memória.

Mudanças em alguns países

Polvo nadando no mar
Imagem: Reprodução

Recentemente, descobertas em relação a outros animais causaram mudanças nas leis de proteção animal do Reino Unido. Dois grupos de invertebrados que incluem camarões, caranguejos, lagostas, polvos e lulas – foram incluídos na legislação do país.

Para isso, o governo utilizou oito pontos que avaliam se o comportamento dos animais demonstra dor e se eles conseguem suportá-las. Dentro dos critérios, moscas e baratas atingiram seis deles, o que indica grande evidência de dor.

Por outro lado, por fim, as abelhas, formigas e vespas possuem quatro dos pontos listados. Já os besouros alcançaram apenas dois, porém fazem parte de um grupo de insetos com poucos estudos dentro do contexto da dor.

você pode gostar também