Veja só que nostalgia: CDs voltam a ter aumento nas vendas!

Os CDs substituíram o uso do videocassete em 2000, agora parece que estão de volta!

Pela primeira vez, desde 2004, as vendas de CD experimentam um leve aumento, segundo a empresa de dados MRC Data. Muito se fala sobre a moda se repetir a cada 20 anos e, com o regresso do CD, não poderia ser diferente (ainda que existam teorias que falem sobre a roda da moda demorar o dobro para se completar, cerca de 40 anos), tendo seu ciclo de 20 anos de completando em 2022. No mercado, o ingresso dos CDs ocorreu na década de 1980 e foi acompanhado pelo CD-ROM e pelo CD regravável em 1990.

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Somente no ano 2000, por volta do ciclo de 20 anos, que suas vendas dispararam, fazendo com que chegassem ao recordes de vendas. Nesse período, foram vendidos mais de 13.000 milhões de euros nos Estados Unidos, conforme RIAA, substituindo de uma vez por todas a indústria cassete. Após esse período, se observou uma lenta diminuição na vendas, que levou ao ingresso de 483 milhões de dólares em 2020, último ano que se tem registro.

A tendência se repete e, se analisarmos o número de cópias vendidas, foram vendidos 942,5 milhões de cópias, o que representou o auge de suas vendas. Desde então, é possível ver a diminuição proporcional até chegar aos poucos 21 milhões em 2020. Porém, isso não quer dizer que a indústria não tenha rendimento. De fato, os 12.000 milhões de euros em receita total da indústria em 2020 começam a se aproximar dos dias de glória. Em 1999, o máximo de rendimento foi de 14.000 milhões de euros. Mas é claro que, em 2020, a maior parte dessa receita, cerca de 70%, veio do streaming, tanto de publicidade quanto de assinaturas (e número continua subindo no primeiro semestre de 2021 falava-se em 84%).

Em outras palavras, faz sentido nos atermos a esses vinte anos cíclicos, pois é o tempo que passou desde o auge da popularidade dos CDs, então, agora é a hora. Existe também um burburinho entre a indústria e a imprensa: a Rolling Stone declarou abertamente o renascimento do formato, mas a verdade é que, com os dados em mãos, devemos ter cautela: aquele ressurgimento das vendas vistos pela MRC representam apenas um aumento de 1%. Além disso, toda a culpa por esse boom momentâneo pode ser atribuída às vendas do último álbum de Adele.

Se formos para seus concorrentes diretos em termos de formato, o CD ainda é um segundo. O vinil vem crescendo de forma constante há 15 anos, as receitas da indústria desse formato rendem o dobro do CD. Tecnicamente, a música gravada digitalmente pode ser superior ao vinil, mas é claro para onde vão as simpatias dos amantes da música, que também carregam o vinil com uma componente nostálgica muito forte.

Será que é uma miragem?

A Pitchfork falou com um representante do site Discogs, que lhes forneceu alguns dados muito interessantes: no ano passado, venderam mais 8,8% de CDs a mais do que o anterior, num total de 3,7 milhões de unidades e 2022 segue o mesmo ritmo. Antes da pandemia, o ímpeto era ainda maior: o formato saltou 37% em 2020. O Discogs é um centro essencial para colecionadores de formatos físicos, então fica claro que essas vendas não pertencem a um mercado mainstream, onde reina o streaming, mas para compradores que adquirem CDs com critérios de colecionador.

E esse critério de colecionador pode ser visto, por exemplo, em streams do Tik Tok como os agrupados sob a hashtag #CDcollection, que demonstram uma abordagem muito semelhante à dos colecionadores de vinil, mais abundantes, diferenciados e com melhor divulgação. É a prova de que não estamos diante de uma revitalização do formato (cujas virtudes são facilmente correspondidas por serviços de streaming com melhor som), mas sim de uma reivindicação estética e um exercício de nostalgia.

Faz todo o sentido: aqueles que eram adolescentes na virada do século estão na faixa dos trinta aos quarenta, a idade perfeita para começar a sentir saudades dos bons velhos tempos e da descoberta de uma nova tecnologia de comunicação, a reprodução de áudio. E, além disso, há um detalhe extra que tornam os CDs perfeitos para uma nova onda de nostalgia.

Como conta o Youtuber Music Radar Clan, em sua história da música gravada, o som dos discos compactos não só era muito superior ao dos cassetes, também era possível copiá-lo com pouca perda de qualidade. Ou seja, com o CD estamos às portas, também com a chegada da Internet, da troca de arquivos que preservavam (ao contrário das cassetes) grande parte das virtudes dos originais.

No início do século, os CDs trouxeram o último grande momento de glória para as gravadoras e fizeram parte de uma verdadeira reviravolta no mundo da música: eram os anos anteriores à Internet, ou seja, quando ainda não tínhamos perdido nossa inocência como consumidores, e CDs como mídia, vendiam mais do que nunca. Ou seja, todos nós tínhamos CDs e e rádios. Os “bons velhos tempos” – a forragem perfeita para uma explosão de nostalgia vinte anos depois.

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