Cientistas identificam CURIOSA atividade cerebral antes da morte; o que isso significa?

Resultados podem ter implicações significativas para a compreensão da morte cerebral.

Uma pesquisa recente realizada na Universidade de Michigan pelos cientistas do departamento de neurologia revelou um pico de atividade cerebral no momento da morte.

Os aumentos em vários indicadores de consciência foram identificados até mesmo em pacientes que estavam em coma. E, apesar de nem todos os participantes do estudo terem demonstrado o mesmo nível, a pesquisa já abre caminhos e espaço para que se entenda melhor a morte no cérebro humano.

A pesquisa sugere que esses sinais sejam efeitos da atividade cerebral no momento da morte, como se mesmo depois que o coração parasse de bater, a consciência das pessoas ainda existisse e funcionasse. Confira!

Atividade cerebral antes da morte: o que se observou?

Tumografia
Imagem: Anna Shvets/Pexels

Para a cultura popular, experiências de quase morte já são comuns. Histórias e relatos de pessoas que viram ou ouviram entes já falecidos, observaram sinais e tiveram contato com outras alucinações surgem diariamente.

O estudo foi feito com quatro pacientes que estavam em estado de coma e faleceram durante uma parada cardíaca enquanto eram monitorados por eletroencefalograma.

Durante a análise, no momento em que a ventilação mecânica foi desligada, foi identificado em dois pacientes um aumento no ritmo dos batimentos cardíacos e um pico de atividade cerebral gama. Essa atividade é associada à consciência e considerada a mais rápida do cérebro.

Além disso, outra zona neural ligada à consciência também apresentou atividade: a “zona quente”, que fica entre os lobos temporal, parietal e occipital, no fundo do cérebro. Ela também está associada aos sonhos, estados alterados de consciência e às alucinações visuais.

A questão é que os outros dois pacientes do estudo não demonstraram o mesmo aumento, nem nos níveis de batimento cardíaco e nem na atividade cerebral, mesmo após a retirada do suporte de vida.

É importante ressaltar que a família de todos os quatro pacientes deram a autorização para que os aparelhos fossem desligados e a pesquisa fosse realizada.

Humanos, animais e atividades cerebrais

Jimo Borjigin, professora associada de fisiologia integrativa e molecular e neurologia na Universidade de Michigan, já estudou e pesquisou sobre o assunto juntamente com sua equipe há quase 10 anos. Entretanto, o estudo dela foi realizado com animais.

Na época, sinais similares foram identificados: a ativação gama presente no cérebro de animais e de humanos pode ser observada no momento em que o cérebro perdeu o seu oxigênio e o animal sofreu uma parada cardíaca.

Entretanto, essas observações ainda estão longe de fornecer respostas concretas sobre o que realmente acontece com os nossos cérebro e consciência quando morremos.

Problemas do estudo

Cérebro visto de cima
Imagem: Reprodução/Free Pik

Os cientistas e autores da pesquisa pedem cautela na hora de tirar conclusões baseadas nos resultados do estudo. Afinal, ele teve uma amostragem reduzida, ou seja, nem todo paciente no momento da morte apresentará essas atividades cerebrais. Portanto, não podemos generalizar os fatos apontados.

Além disso, os cientistas alertam para o fato de que não é possível saber como foi a experiência dos sujeitos envolvidos no estudo, já que obviamente não sobreviveram para dar seus relatos.

Também não há como fazer correlações entre as assinaturas neurais de consciência com as experiências que esses mesmos pacientes podem ter tido antes de morrer. Isso significa que não é possível garantir que os dois pacientes que tiveram atividade cerebral passaram pelos mesmos eventos de consciência.

Contudo, os cientistas acreditam que a pesquisa começa a trazer um novo entendimento sobre as atividades cerebrais escondidas no momento da morte.

Pesquisas maiores que analisam pacientes sobreviventes a paradas cardíacas e que monitoram as atividades cerebrais via eletroencefalograma podem ser uma boa fonte de dados para descobrir se os aumentos na atividade gama são mesmo evidência de experiências conscientes e, até o momento, desconhecidas pela ciência.

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