Nomes 'Calvin e Hobbes', dos quadrinhos, têm significado que poucos conhecem

Nomes dos personagens da famosa série de quadrinhos são inspirados em filósofos que refletem aspectos de suas personalidades. Entenda essa história.

“Calvin e Hobbes” é uma série de quadrinhos criada por Bill Watterson e publicada de 1985 a 1995. Os personagens principais da série, Calvin e seu tigre de pelúcia Hobbes, não são apenas uma fonte de humor e entretenimento, mas servem como veículos para explorar questões filosóficas e humanas profundas.

O que pouca gente sabe é que os nomes desses personagens são uma homenagem a dois pensadores muito influentes: João Calvino e Thomas Hobbes. As ideias desses pensadores desempenham um papel sutil, porém significativo, na série.

Dois grandes pensadores filosóficos

Imagem: CBR/Reprodução

João Calvino, um teólogo do século XVI, é mais conhecido por sua doutrina da predestinação e sua influência no desenvolvimento do calvinismo. Calvino acreditava que Deus havia escolhido algumas pessoas para a salvação eterna, enquanto outras estavam condenadas à perdição desde o início dos tempos.

Essa crença na eleição divina é refletida de maneira única em Calvin, o personagem principal da série. Calvin é um garoto muito inteligente, mas muitas vezes se sente incompreendido e isolado.

Ele enfrenta muitas situações desafiadoras, o que pode ser visto como uma alegoria para a luta da humanidade em entender seu lugar no universo. Assim como João Calvino, o filósofo, Calvin, o menino, discute a predestinação, enfrenta questões sobre seu destino e sua capacidade de controlar sua própria vida.

Podemos observar isso em uma tira específica, na qual Calvin pergunta ao felino se ele acredita que todas as coisas são predestinadas. Em uma rápida observação, o tigre responde que essa ideia é loucura.

Imagem: CBR/Reprodução

Essas foram as ideias de Thomas Hobbes, um filósofo do século XVII, notório por sua obra “Leviatã”, na qual descreve o estado de natureza como um estado de guerra de todos contra todos.

Ele argumentava que, para evitar o caos, as pessoas concordavam com um contrato social, criando um governo soberano, o Leviatã, para manter a ordem. Hobbes enfatizava a natureza egoísta do ser humano e a necessidade de uma autoridade central para evitar o caos.

Essa perspectiva pode ser associada a Hobbes, o personagem, que muitas vezes se apresenta como a voz da razão e da responsabilidade, em contraste com a personalidade impulsiva e imaginativa de Calvin.

O produtor cria conexões

A conexão entre os personagens Calvin e Hobbes e seus homônimos históricos é uma das camadas complexas da série. Bill Watterson, o criador, não escolheu esses nomes de forma aleatória, mas os utilizou como ferramentas para explorar questões filosóficas e sociais ao longo das histórias em quadrinhos.

Watterson empregou as personalidades contrastantes de Calvin e Hobbes para representar diferentes aspectos da natureza humana e para criar diálogos e situações que refletem o debate entre o individualismo, a imaginação e a necessidade de ordem e responsabilidade na sociedade.

A série “Calvin e Hobbes” também aborda temas como a infância, a amizade, a educação e a exploração da imaginação. Calvin, frequentemente imerso em suas aventuras imaginárias com Hobbes, representa a liberdade e a capacidade de sonhar e criar mundos fantásticos.

Por outro lado, Hobbes é frequentemente mais maduro e responsável na vida cotidiana. Essa dualidade entre os dois personagens oferece uma rica tapeçaria para explorar as complexidades da condição humana.

Por fim, “Calvin e Hobbes” é muito mais do que apenas uma série de quadrinhos engraçados. Ela incorpora elementos filosóficos, literários e psicológicos que tornam a narrativa rica e envolvente.

A série continua a encantar leitores de todas as idades e a inspirar reflexões sobre a complexidade da condição humana, as perguntas eternas sobre o destino, a responsabilidade e a busca do significado na vida.

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