Existe uma POLÊMICA por trás da história dos gibis; conheça

Saiba mais sobre a controversa 'Gibi', revista em quadrinhos que se popularizou no Brasil no fim da década de 1930.

Atualmente, se você consultar um dicionário de português brasileiro, encontrará a palavra ‘gibi’ definida como ‘revistas em quadrinhos‘ ou algo similar.

Mas isso nem sempre foi assim. Nos anos 1930, o termo ‘gibi’ tinha conotações racistas, sendo usado quando alguém gostaria de se referir a um ‘menino negro’ com conotação grotesca.

No dia 12 de abril de 1939, exatamente há 85 anos, a editora O Globo lançou uma revista em quadrinhos chamada Gibi.

Em todas as capas, havia uma representação negativamente estereotipada de um menino negro, conhecido como ‘gibi’, que era o mascote e dava nome à revista.

Em 1973, uma ilustração estereotipada e racista retratava Gibi, o mascote que emprestava seu nome à publicação, como um menino negro – Foto: Richardson Santos de Freitas/arquivo pessoal

Os desenhos carregavam uma carga considerada por muitos como pejorativa e discriminatória.

Em uma conversa com a BBC News Brasil, a cartunista Laerte descreveu essa ilustração como “um menino negro desenhado de acordo com os padrões racistas da época”.

O fato é que o Gibi se tornou um sucesso em todo o país.

De modo acelerado, o nome deixou de carregar uma conotação ofensiva e passou a ser reconhecido como sinônimo de revista de histórias em quadrinhos.

Origem da palavra ‘gibi’

Em um estudo apresentado à Universidade Federal de Minas Gerais em 2023, um cartunista conhecido como Ric traçou a evolução da palavra ‘gibi’.

Ele explicou que o termo teve início como um apelido para crianças negras, derivado da palavra latina ‘gibbus’, que significa algo como ‘pessoa corcunda’.

Por volta de 1905, com o fim da escravidão e a influência de teorias eugenistas, ‘gibi’ passou a ser uma gíriade sentido pejorativo.

Esse sentido foi captado pelos dicionários da época, que associavam ‘gibi’ a uma criança negra, além de a algo também considerado grotesco.

Além disso, no contexto social daquela época, crianças negras, por sua vulnerabilidade, muitas vezes buscavam subempregos nas grandes cidades, incluindo a venda de jornais.

Eram conhecidos como ‘gibis’ e ganhavam a simpatia do público.

Mais sobre a polêmica revista

O Grupo Globo expandiu seu alcance ao criar o O Globo Juvenil em 1937 e, dois anos depois, lançou a revista Gibi. A publicação, focada em histórias em quadrinhos, também incluía contos, curiosidades e reportagens.

O nome ‘Gibi’ foi escolhido por Roberto Marinho em referência aos pequenos vendedores de jornais. A revista passou por várias fases ao longo dos anos, mas enfrentou desafios com a mudança de preferências dos leitores.

Apesar de importante para popularizar quadrinhos no Brasil, a Gibi predominantemente apresentava conteúdo de autores americanos, limitando o espaço para artistas brasileiros.

Afinal, a diversidade de histórias e personagens refletia o início do mercado de quadrinhos no país.

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