Missão espacial busca confirmar existência de vida em Vênus

Nos últimos anos, a possibilidade de vida além da Terra tem sido um dos temas mais debatidos na comunidade científica.

Recentemente, um estudo inovador revelou que as nuvens de Vênus, compostas por ácido sulfúrico, poderiam abrigar vida, desafiando nossas concepções tradicionais sobre os ambientes habitáveis.

Esta descoberta abre portas para novas pesquisas e missões espaciais, incluindo a aguardada Missão Vênus Life Finder, que pretende explorar esse intrigante planeta.

Estudo indica possível existência de vida em Vênus

Pesquisas lideradas por Janusz Pętkowski, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), revelaram que os aminoácidos, blocos fundamentais da vida, são surpreendentemente estáveis em ácido sulfúrico concentrado.

Esta descoberta, publicada na revista Astrobiology, sugere que as condições nas nuvens de Vênus, embora altamente ácidas, não são necessariamente hostis à vida.

Os aminoácidos são cruciais para a formação de proteínas, essenciais para a vida como a conhecemos.

No entanto, a vida extraterrestre não precisa necessariamente seguir a mesma bioquímica que a vida na Terra.

Pętkowski e seus colegas argumentam que a presença de aminoácidos estáveis em ácido sulfúrico amplia significativamente o leque de moléculas biológicas que poderiam existir em um ambiente como o de Vênus.

As nuvens de Vênus, compostas por ácido sulfúrico, poderiam abrigar vida, segundo pesquisas recentes. Imagem: Reprodução

A missão Vênus Life Finder

Com base nas descobertas promissoras sobre a habitabilidade das nuvens de Vênus, a Missão Vênus Life Finder está programada para ser lançada em dezembro de 2024.

Esta missão é uma parceria entre a Rocket Lab e o MIT, e será a primeira missão privada a explorar Vênus.

O objetivo principal é lançar uma pequena sonda na atmosfera do planeta para buscar moléculas orgânicas, potenciais sinais de vida.

A sonda, equipada com um autofluorescence nephelometer (AFN), será projetada para analisar uma região específica da atmosfera venusiana, entre 60 e 45 quilômetros de altitude, onde as temperaturas e pressões são semelhantes às da Terra.

Esta área é considerada potencialmente habitável devido à detecção de fosfina em 2020, um gás que na Terra está associado à atividade microbiana.

Planejamento e execução da missão

A Rocket Lab utilizará seu foguete Electron e o estágio Photon para transportar a sonda até Vênus.

Após múltiplas órbitas ao redor da Terra e um auxílio gravitacional da Lua, o Photon encaminhará a sonda em direção a Vênus, onde será liberada para entrar na atmosfera do planeta em 2025.

Durante sua breve descida, a sonda usará o AFN para detectar e medir a concentração, tamanho e forma das moléculas nas nuvens venusianas.

Os dados coletados serão transmitidos de volta à Terra, proporcionando informações valiosas sobre a composição química das nuvens de Vênus.

Embora a sonda não procure especificamente por fosfina, os resultados ajudarão a refinar as buscas futuras e poderão fornecer evidências cruciais sobre a possibilidade de vida em Vênus.

Implicações para o futuro

A detecção de moléculas orgânicas na atmosfera de Vênus não será uma prova conclusiva de vida, mas será um passo significativo na compreensão das condições que podem sustentar vida em outros planetas.

Se bem-sucedida, a Missão Vênus Life Finder poderá abrir os caminhos para novas missões de baixo custo com objetivos científicos específicos, revolucionando a exploração espacial e, potencialmente, confirmando que Vênus pode abrigar formas de vida inesperadas.

*Com informações de MIT, Space.com e The Planetary Society.