Filme ‘Elvis’ é um belo espetáculo superficial
Podemos ver um enaltecimento da beleza do filme, excluindo as partes feias da vida de Elvis, mostrando apenas aquilo que o valorizava
Todos pensaram que entregar a direção da história de Elvis Presley – que foi uma estrela exagerada do cenário da música – nas mãos de Baz Luhrmann seria a melhor aposta, pois ele já dirigiu histórias de personagens intensos, como em Romeu + Julieta de William Shakespeare e O Grande Gatsby, porém, o resultado deste ato, foi um filme bonito, porém com pouca substância.
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O filme Elvis é contado pela perspectiva de seu empresário que, na trama, é vivida por Tom Hanks. Seu roteiro é assinado por Sam Bromell, Craig Pearce e Jeremy Doner e conta uma história bem superficial do cantor, como se tivesse sido tirada da Wikipédia.
Em passagens rápidas e pouco profundas, vemos um mocinho (Elvis) sendo manipulado por um vilão na pele de Parker. Além disso, a caracterização de Hanks para o papel é um tanto forçada, com próteses e sotaque exagerados.
A dinâmica onde o empresário tenta colocar o dinheiro a frente do bem-estar do cantor, incluindo colocá-lo no palco de qualquer jeito é cansativa, pois se repete muito.
Ao contrário deste personagem, o Elvis de Austin Butler tem uma performance muito melhor em tela, chega a ser quase hipnotizante. O ator consegue fazer jus ao sucesso do cantor e mostrar como sua carreira era impactante.
Austin Butler consegue salvar o papel de uma sátira e mostrar Elvis como ele mesmo, que cantava com o coração nos palcos. Mencionando este aspecto, o ator brilha em frente aos holofotes e quase consegue salvar a trama.
Mas seus esforços não conseguem salvá-la, pois a abordagem de Luhrmann o coloca como atração secundária em certa parte do filme, exagerando na extravagância e tirando desviando o olhar da história para o cenário. Quando não consegue mais utilizar destes truques, pois a decadência da vida do cantor não combina com isso, ele tenta conquistar o coração do público com uma trilha sonora comovente. Porém, isso não combina com o estilo do filme.
Outra coisa cômica, que acontece neste enredo, é a tentativa do diretor em jogar referências pop modernas em uma produção do passado. Isso até poderia funcionar em um longa de ficção mais voltado para a comédia, mas em uma trama inspirada na vida de um cantor real, que deveria remeter realidade, foi forçado e bobo.
Mas, apesar dos pesares, não se desanime com toda esta crítica a direção de Luhrmann, pois este é um filme que realmente vale a pena ser assistido, pois o espetáculo está muito bem feito. Mas não espere substância e profundidade, pois o longa de Elvis é uma produção superficial.