Desvendando o enigma Duralex: onde estão os famosos pratos marrons 'inquebráveis'?

Foto: Banda B/Reprodução

Você já teve em sua casa aquele prato de vidro marrom inquebrável? Se sim, esse prato provavelmente é da marca Duralex e foi uma febre entre as famílias brasileiras.

Infelizmente, a marca recentemente parou de produzir o famoso prato marrom no Brasil. Mas, calma, não há motivo para desespero: as outras peças em vidro transparente e azul continuam a ser fabricadas no país.

O que aconteceu com a Duralex?

A Duralex foi fundada em 1945, por uma empresa chamada Saint-Gobain. Apesar de muitos acreditarem que a marca é brasileira, na verdade, ela é originalmente francesa. Nos últimos anos, a empresa enfrentou algumas dificuldades financeiras, mas conseguiu escapar da falência e continua no mercado.

O sucesso da marca ocorreu principalmente porque os produtos foram anunciados como “inquebráveis”. De acordo com a empresa, as louças são feitas com o chamado vidro temperado, que é 2,5 vezes mais resistente do que o vidro comum.

Este tipo de material suporta uma ampla variação de temperatura, de -20 °C a 100 °C. Ele se estilhaça em pequenos pedaços quando quebrado, reduzindo o risco de acidentes.

A concorrência com a China e a abertura de mercado quase colocaram um fim à marca, que teve que enfrentar uma grande crise tanto na França quanto no Brasil. Na França, a empresa chegou a ser colocada em liquidação compulsória em 2008, mas foi salva por investidores.

Alguns anos depois, a Duralex entrou com um pedido de recuperação judicial e, em 2021, foi adquirida por 3,5 milhões de euros por sua rival, a International Cookware, dona da Pyrex.

A Duralex sobreviveu e ainda existe no Brasil. As louças da marca já eram vendidas no país na década de 1950. Os produtos eram revendidos principalmente nas antigas lojas Mappin. Por muitos anos, essas louças estiveram presentes nas cozinhas de diversos países ao redor do mundo e ficaram famosas pela sua cor marrom (âmbar).

Em 2011, a marca foi comprada pela Nadir Figueiredo. Hoje, a Duralex brasileira não tem mais relação com a marca francesa. A Nadir Figueiredo pertence ao grupo norte-americano de private equity HIG Capital, que comprou a companhia por mais de R$ 836 milhões em 2019.

Os conjuntos de louça Duralex nas cores marrons deixaram de ser produzidos no Brasil em 2012. Em um comunicado oficial, a marca afirmou que não pretende seguir com a produção dos vidros âmbar, mas que está “sempre atenta às tendências do mercado”.

Enquanto na França as louças de vidro na cor âmbar continuam sendo fabricadas, no Brasil, linhas transparentes e azuis seguem ativas. Xícaras, pratos e saladeiras de vidro podem ser encontradas à venda no país nesses tons.

Louças fora de linha viram relíquias na web

Na internet, as louças na cor marrom são vendidas como raridades. No site OLX, encontramos um anúncio no qual o jogo completo, com 20 peças, é oferecido por R$ 2 mil, o que equivale a aproximadamente R$ 100 por peça.

Peças vendidas separadamente e jogos menores, como xícaras, travessas e pratos, podem ser encontrados entre os valores de R$ 40 e R$ 60 a unidade.

Se os produtos fossem fabricados e vendidos hoje, custariam de R$ 8 a R$ 10. É importante lembrar que é necessário analisar os valores da inflação durante esse período. Em 2010, quando os pratos Duralex âmbar ainda eram fabricados no Brasil, eles eram vendidos por valores entre R$ 3 e R$ 4 a unidade.

Na loja oficial da Nadir Figueiredo, um novo jogo de seis pratos, nos modelos transparente ou azul, custa entre R$ 50 e R$ 109. Já na França, onde os produtos de cor âmbar ainda são vendidos, um conjunto de seis pratos de sobremesa custa 11,78 euros (aproximadamente R$ 63) e um conjunto de seis xícaras com pírex sai por 20 euros (cerca de R$ 106).

Além dos vidros marrons, existem tons de azul, cinza, verde e roxo. A loja oficial da Duralex comercializa produtos para os Estados Unidos, o Reino Unido e a Espanha.