Pesquisa mostra que brasileiros se sentem mais solitários desde a pandemia
Brasil ficou em primeiro lugar no ranking entre os países solitários.
A pandemia causou diversos impactos na sociedade. A economia, as formas de trabalho e até as relações foram atingidas. Isso é o que mostra o levantamento”Perceptions of the Impact of covid-19″ (“Percepções do impacto da covid-19”), da empresa de pesquisa de mercado Ipsos, que apontou que metade dos brasileiros se sentiram solitários durante a pandemia.
Durante a pesquisa, 52% dos entrevistados também relataram que o sentimento de solidão havia aumentado nos seis meses anteriores ao questionamento.
Líder no ranking mundial
O número de brasileiros que relataram esse sentimento colocou o Brasil em primeiro lugar entre os países que mais sentem solidão. Em seguida vem a Turquia, com 43%, e na terceira posição está a Índia, também com 43%.
Apesar de parecer uma consequência natural do isolamento necessário na pandemia, a chamada “epidemia da solidão” já era algo percebido e alertado mesmo alguns anos antes da covid chegar.
A preocupação ficou tão alarmante que muitos países tomaram iniciativas para ajudar as pessoas que passavam por isso.
‘Ministério da Solidão’
Um dos países a sair na frente foi o Reino Unido. No ano de 2018, a então primeira-ministra Theresa May afirmou que a difusão do sentimento de solidão é “uma triste realidade da vida moderna“, criando então o “Ministério da Solidão”.
A responsabilidade pela nova pasta ficou com Tracey Crouch, que já era ministra do esporte e da sociedade civil. Apesar da pequena duração de um ano, o ministério teve feitos importantes.
Um deles foi uma pesquisa realizada com a população, que apontou que 9 milhões de habitantes se sentiam sozinhos constantemente ou com muita frequência. Além disso, idosos apontaram a falta de contato com amigos ou familiares.
Essa e outras pesquisas mostram que o sentimento não atinge apenas os brasileiros, mas pessoas de diferentes nacionalidades.
Qual seria a razão disso?
Para os pesquisadores, as mudanças da sociedade propiciaram um maior isolamento entre os indivíduos. Além dos novos hábitos, o mau uso das redes sociais também pode favorecer esse sentimento.
Em 2017, o American Journal of Preventive Medicine publicou uma pesquisa em que, entre 2 mil adultos estadunidenses de 19 a 32 anos, o uso das redes por mais de duas horas por dia dobrou as chances do isolamento e sentimento de exclusão.
Mas, para combater essa questão, é necessário que cada indivíduo procure lidar com as suas questões, melhorando também a relação com o outro, como aponta o psicanalista Lucas Liedke em entrevista à revista Galileu.
“A gente combate esse mal-estar buscando lidar melhor com a gente mesmo. É necessário enfrentar esses momentos sem que isso gere vergonha por você não estar performando socialmente.“
Além disso, é importante nutrir os relacionamentos, pois o convívio social é necessário para o bem-estar do ser humano.
“O discurso da independência, do empoderamento do ego, que há quase duas décadas tem se apresentado com força na nossa cultura, é problemático, pois somos seres sociais e não tem como fugir disso. É da nossa constituição“, destaca o psicanalista.