Benjamin Button, é você? Água-viva imortal é descoberta no Mar Mediterrâneo

'Turritopsos dohrnii' é um tipo de água-viva que regride seu ciclo de vida. Sua imortalidade, porém, levanta questões éticas.

Normalmente, as águas-vivas se reproduzem por meio de óvulos fertilizados com um espermatozoide, passando por estágios de desenvolvimento até se tornarem medusas. Uma vez atingida a fase adulta, essas medusas eventualmente morrem, como qualquer outra criatura.

No entanto, a Turritopsos dohrnii realiza um ato de autotransformação única. Em vez de perecer, ela faz seu ciclo de vida regredir, voltando a ser um cisto e, posteriormente, um pólipo que se agarra ao leito marinho.

Esse ciclo aparentemente infinito é o que a torna “biologicamente imortal”.

O segredo da imortalidade

Descobrir o que torna as águas-vivas T. dohrnii imortais foi um desafio complexo. A chave para essa habilidade reside em características como a manutenção de seu DNA, replicação sem danos, renovação de células-tronco, comunicação celular e redução do dano celular oxidativo.

Além disso, a manutenção de seus telômeros, que estão ligados à longevidade em várias espécies, também desempenha um papel crucial nesse processo.

Em um estudo recente, desenvolvido em 2022, o genoma da T. dohrnii foi minuciosamente examinado, gene por gene, após ser descoberto nas profundezas do Mar Mediterrâneo.

Na ocasião, ferramentas avançadas de bioinformática e genômica comparativa revelaram as variações genéticas responsáveis por sua longevidade e capacidade de regeneração.

Imagem: Yandex/Divescotty/Reprodução

A capacidade de manter o DNA e replicá-lo com precisão é um dos segredos da imortalidade da T. dohrnii. Isso permite a renovação das células-tronco e a comunicação eficiente entre as células, impedindo o dano celular oxidativo.

Além disso, as águas-vivas imortais realizam um processo chamado desdiferenciação, que reinicia seu relógio biológico. Esse mecanismo único permite que elas voltem ao início do ciclo de vida, mantendo-se jovens e vivas indefinidamente.

Implicações éticas sobre a descoberta

A Turritopsos dohrnii, o único animal imortal conhecido até então, nos ensina que a imortalidade é um conceito complexo, afinal essa descoberta revolucionária também suscita questões éticas e morais significativas.

Afinal, o equilíbrio natural é fundamental para a sobrevivência de ecossistemas, e a imortalidade pode desencadear desequilíbrios nesse sistema natural. Além do mais, a reflexão sobre se vale a pena viver para sempre nos faz questionar a própria natureza da existência humana.

Vale a pena prolongar a vida indefinidamente? As implicações éticas e ecológicas dessa questão são complexas, e a resposta a essa pergunta pode moldar o futuro da Medicina e da nossa própria busca pela eternidade.

Em meio a isso tudo, uma coisa é certa: a água-viva imortal Turritopsos dohrnii é um mistério da natureza que desafia nossa compreensão sobre a vida e a morte. Seu segredo genético é fascinante, mas levanta questões profundas sobre a busca pela imortalidade.

Enquanto desvendamos os segredos do seu genoma, também enfrentaremos dilemas éticos e morais enquanto a busca pela vida eterna nos desafia a refletir sobre a finitude e a importância de cada estágio da existência humana.

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