ATAQUES em escolas crescem nos últimos anos; especialistas comentam razões dos crimes
Na última segunda-feira, um estudante matou uma professora e feriu mais 5 pessoas.
Ontem, última segunda (27), um aluno de 13 anos invadiu uma escola e matou uma professora de 71 anos. Outras cinco pessoas também foram feridas pelo assassino, que entrou no ambiente escolar armado com uma faca. Informações de outros alunos dizem que Elisabeth Tenreiro, professora morta pelo adolescente, não teve ao menos como se defender.
O caso aconteceu no bairro Vila Sônia, na Zona Oeste de São Paulo, numa escola estadual chamada Thomazia Montoro. Com base nesse e em outros atentados semelhantes, percebe-se que esse tipo de ataque está se tornando cada vez mais recorrente em manchetes de jornais.
Para tentar entender as razões dessas tragédias, um estudo realizado pela professora Telma Vinha, da Faculdade de Educação da Unicamp, coordenadora do Grupo Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública do Instituto de Estudos Avançados, junto de Cleo Garcia, advogada e mestranda da Faculdade de Educação da mesma universidade, indica que, nos últimos 21 anos, o Brasil já registrou 22 ataques em escolas.
Segundo o levantamento das especialistas, os ataques aconteceram em 23 escolas, cometidos por alunos ou ex-alunos na faixa de 10 e 25 anos. O que mais choca nesses números é o seguinte: de 2022 até o momento, já ocorreram um total de 9 atentados do mesmo tipo.
Conforme os estudos de Telma, os dados ainda mostram que, dos ataques realizados, 19 ocorrem em escolas públicas (uma cívico-militar) e quatro em escolas particulares. Contudo, a professora frisa que esse tipo de tragédia pode acontecer em qualquer local.
Outro caso que chamou a atenção nesta segunda (27) também foi o ataque a uma escola em Nashville, nos EUA. Uma mulher de 28 anos invadiu a escola e matou seis pessoas, incluindo três crianças de nove anos cada. A atiradora foi morta pela polícia.
Especialistas explicam o aumento de ataques em escolas
Em entrevista à CNN, o Coronel José Vicente da Silva, ex-secretário Nacional de Segurança, e Telma Vinha, revelam os motivos para esse tipo de situação ocorrer com maior frequências nos últimos anos.
De acordo com a professora, esse tipo de ataque acontece principalmente devido ao fácil acesso aos mais variados tipos de discursos de ódio. Segundo ela:
“Nós temos uma radicalização da juventude. Eles cada vez mais tem frequentado fóruns extremistas nos quais são radicalizados.
A soma da radicalização, do acesso à internet cada vez mais fácil, aprendendo a realizar esses ataques, com o sofrimento na escola e outros fatores ainda, forma um caldeirão, uma conjuntura que facilita que esses ataques ocorram.”
Isso se dá, acima de tudo, com a falta de monitoramento dos pais sobre o conteúdo que seus filhos acessam na internet. Por sua vez, isso pode acarretar acesso de jovens e adolescentes a fóruns e páginas com discursos racistas e preconceituosos, o que acaba por motivas esses ataques.
De acordo com o Coronel José Vicente da Silva, medidas devem ser tomadas para que esse tipo de tragédia seja barrada de forma eficaz. Outra questão abordada pelo oficial é o caso do bullying, como foi levantado em relação ao garoto da escola E. E. Thomazia Montoro, mesmo tendo sido negada a ocorrência desse tipo de violência.
Além do caso recente da escola Thomázia e do ocorrido nos Estados Unidos, outro caso chocante no Brasil foi o acontecido em Suzano, na Escola Estadual Raul Brasil, em 2019. Na época, dez pessoas foram mortas, inclusas os assassinos que planejaram o ataque.
Os especialistas ainda afirmam, por fim, que medidas precisam ser estudadas para que se evite esse tipo de situação. Somente assim o Brasil será capaz de diminuir os ataques que ocorrem em escolas.