Achado histórico: esqueleto milenar de criança revoluciona estudos sobre a evolução humana

Novas evidências apontam para teorias que explicam detalhes da nossa compreensão sobre a evolução humana.

Em 1998, uma descoberta arqueológica impactante desencadeou uma revolução nos estudos da evolução humana. Os restos mortais de uma criança de 4 anos, sepultada cerca de 29 mil anos atrás, no Lagar Velho, localizado no vale do Lapedo a cerca de 150 quilômetros de Lisboa, Portugal, abalaram a compreensão científica da época.

O achado, que ficou conhecido como “Menino de Lapedo”, intrigou pesquisadores devido às suas características únicas e levantou teorias intrigantes. Acompanhe os detalhes a seguir.

Um cruzamento inesperado

A causa da morte do Menino de Lapedo permanece um mistério, já que não há sinais de doença ou queda. Por sua vez, a arqueóloga Ana Cristina Araújo sugere possibilidades como envenenamento por cogumelos ou afogamento.

No entanto, o aspecto mais enigmático foi a preservação quase intacta dos restos mortais, o que despertou a atenção da comunidade científica e culminou em uma revolução nos estudos da evolução humana.

Imagem: Museu Nacional de Arqueologia de Portugal/Reprodução

A descoberta ocorreu em 1998, quando os proprietários do terreno estavam realizando escavações para a construção de terraços. O esqueleto da criança foi encontrado de forma inesperada e sua anatomia intrigou os pesquisadores.

João Zilhão, líder da equipe responsável pela descoberta, destacou que a proporção corporal do Menino de Lapedo lembrava a dos neandertais, embora apresentasse características modernas. Essa constatação desafiou a compreensão da época, que considerava os neandertais e os humanos modernos como espécies distintas.

A descoberta sugeriu a possibilidade de cruzamento entre as duas espécies, algo completamente descartado anteriormente. Como se não bastasse, a análise detalhada do enterro revelou um ritual complexo, com a criança sendo colocada sobre galhos de pinheiro queimados e envolvida em uma mortalha tingida de ocre.

As teorias que surgiram a partir da descoberta apontaram para duas possibilidades principais: a criança era o resultado de uma relação entre um neandertal e um humano moderno, ou o cruzamento entre essas espécies era mais frequente do que se acreditava.

A datação por radiocarbono estabeleceu que o Menino de Lapedo tinha cerca de 29 mil anos, conforme já mencionado, o que apoiou a segunda teoria.

Os estudos subsequentes, proporcionados pela descoberta do Menino de Lapedo, redefiniram a compreensão dos neandertais. Agora, eles são considerados menos como uma espécie distinta e mais como parte da linhagem ancestral humana.

A pesquisa também revelou que até 4% do DNA neandertal estão presentes nos genomas europeus e asiáticos, desmistificando as ideias anteriores sobre a extinção completa desses grupos.

nesse cenário, a riqueza de informações derivadas do estudo do Menino de Lapedo enriqueceu a compreensão da evolução humana. Em vez de uma narrativa linear, os achados sugerem uma complexa trama de cruzamentos e interações entre diferentes grupos humanos ao longo do tempo.

Em suma, essa descoberta ressalta a importância de continuar explorando o passado para desvendar os mistérios de nossa história evolutiva.

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