Nova origem de Batman flerta com possibilidade de vilão ao invés de herói
A atmosfera de Gotham City proporciona um sentimento de ambiguidade entre as questões morais dos sujeitos que residem na cidade. Entenda!
Aqueles que já estão familiarizados com as histórias do Batman sabem que é possível traçar uma linha bem tênue entre o que transforma um indivíduo em herói ou vilão. Essa é a discussão abordada na trajetória de Harvey Dent em “O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan.
Certamente, esse é um dilema que transita entre diversos personagens de Gotham, como já ocorreu em outras situações, desde a história do Coringa, em “A Piada Mortal”, de Alan Moore, até a trajetória do segundo Robin, Jason Todd, que por vezes foi retratado como herói, outrora vilão e permanece com o status de anti-herói.
Essa discussão sobre a inclinação moral dos personagens é o que mais enriquece o mundo de Batman. Nas tramas, seus personagens mais concentrados não são retratados apenas como bons e maus, pois existe uma pigmentação acinzentada que os torna mais complexos e atrativos.
Aqui, em “Batman: The Knight #8”, somos apresentados às origens do Homem-Morcego. Aliás, reapresentados, pois os autores revisitam a memória de Bruce Wayne e buscam explorar melhor os cenários que o tornaram em guardião da cidade.
Essa história em quadrinhos é uma edição limitada, e em seu desenvolvimento somos convidados a explorar mais o cenário pós-traumático de Wayne após os eventos em que mataram os pais de Bruce em um beco.
Toda a raiva sentida é transformada em força para buscar o aprimoramento, desde a prática com diversos estilos de luta, como a busca por controlar sua mente e seus sentimentos, uma vez que a raiva dele não passa.
O debate da história se foca em como Bruce administra o controle de sua raiva e dor. Sua condição de personalidade antissocial e a maneira como seu dinheiro também o afasta das pessoas, se mal-intencionado, além de todo o investimento para se tornar o Homem-Morcego poderiam ter sido suficientes para que ele se tornasse o maior criminoso de Gotham.
Em um momento, ele esteve próximo de ceder ao seu trauma, já que este é caracterizado por violência sem objetivo. Caso isso fosse refletido diretamente, ao invés de traçado um objetivo de eliminar o crime, seria apenas mais uma raiz criminosa que cresceria por Gotham City. E, diferentemente dos demais inimigos que enfrenta, certamente Bruce Wayne não teria alguém que se opusesse à sua altura.
Dentre os debates abordados, a atual edição da história conversa com sua primeira, onde Alfred tem uma conversa séria com Bruce ao tirá-lo da prisão. Na ocasião, Alfred discute que pequenos delitos são causados por pessoas que buscam algo que ele pode possuir com facilidade. Assim, roubar e entrar em brigas são delitos desesperados por pessoas que desejam ter algo e não conseguem.
Para Bruce Wayne, as coisas podem vir de maneiras muito mais simples. E, por fim, essa é uma lição que ele aprende ao longo de sua jornada, principalmente quando passa a dividir sua vida com a noite.