O filme assustadoramente fofo “Red: Crescer É Uma Fera”
Sendo somente a ponta do iceberg, os hormônios da pré-adolescência desempenham um papel estrutural na trama, dirigida por Domee Shi
Ao acordar pela manhã Meilin – a protagonista de Red: Crescer É Uma Fera – desperta de seu sono turbulento e dá de cara com um panda-vermelho monstruoso. Sim, acredite se quiser, ele era monstruosamente fofo, mas devido à situação, o medo ficou em primeiro plano.
Como entender algo tão aleatório, onde um animal nunca visto antes aparece no seu quarto? Para uma pré-adolescente de 13 anos “monstruoso” não é nenhum exagero.
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Em Red, a diretora desenvolve o tema do vencedor do Oscar Bao e relata o complexo relacionamento de mães e filhos da perspectiva desta “oficialmente adulta” –Meilin.
Altamente confiante e inteligente, ela não tem vergonha, mas muito pelo contrário, isso alimenta seu ego de maneira esplendida, fazendo seus colegas não aguentarem mais seu orgulho descarado.
Meilin não está ligando muito para isso, pois tem o melhor grupo de amigas que alguém poderia ter. Entretanto, algo que a incomoda mesmo está em casa, onde o temor de não suprir as expectativas da mãe, Ming, a assombra.
Sendo assim, Meilin em meio a tantas modificações presentes na pré-adolescência, precisa se encontrar longe do conforto, ou seja, ela terá contato com o inesperado e o que nunca foi visto por si mesma. Eles podem não ter uma aparência esplêndida, mas podem ensina-la uma magia da liberdade.
Domee Shi e as também roteiristas Julia Cho e Sarah Streicher com sua inteligência não tratam a mãe de Meilin como uma opositora. De acordo com elas a postura da matriarca possui uma compreensão generosa de que Ming não está tomada por um desejo autoritário, mas, pelo contrário, seu temor apenas a faz sentir que irá perder a parceria de mãe e filha que consolidaram até o momento.
Estas referências trazem um ritmo e uma linguagem familiar, além de uma ousada estética desenvolvida pela Pixar, um movimento novo para o estúdio, entretanto já encontrado em animações dos seus concorrentes. Isso decorre do fator que Red se direciona a um sentido diferente do “padrão Disney” e traz mais agilidade e elementos dos animes.
Com a presença destas características, muitos se identificarão. E como se não bastasse à repetição do tema de Bao para dar ênfase, Meilin é inúmeras maneiras possíveis, um totem da experiência dela — em 2002, ela tinha 13 anos, momento em que se passa a história, sendo ela e sua família de origem chinesa, mas se enraizaram no Canadá.
Essa particularidade não impede que o espectador que, por ventura, não se identifique com Meilin se coloque no seu lugar. Pelo contrário: apenas amplia a velocidade e a universalidade.