Massageador elétrico viraliza no TikTok, mas efeitos contraditórios vêm à tona
O aparelho, embora tenha sido utilizado como entretenimento, trata-se de um eletroestimulador.
Nas últimas semanas, o TikTok foi invadido por uma tendência envolvendo um copo d’água e um minimassageador elétrico.
O desafio propõe uma atitude simples, mas que é agravada pelo eletroestimulador: beber um copo cheio de água, enquanto utiliza o aparelho no braço.
Para quem assistiu aos vídeos ou tentou a façanha em casa, fica claro que tomar um gole torna-se, no mínimo, complicado devido à contração muscular provocada pelo dispositivo.
É relevante destacar que esse aparelho é um eletroestimulador. O que o diferencia dos massageadores tradicionais são os pulsos elétricos de baixa voltagem.
Isso significa que ele provoca pequenos choques ao entrar em contato com a pele, exercendo influência no nosso sistema motor. Ou seja, é útil para casos que necessitam de tratamento.
Minimassageador do desafio do TikTok – Imagem: CNN/Reprodução
O desafio
A coordenação dos movimentos musculares é controlada pelo cérebro através do sistema nervoso, uma complexa rede de neurônios que transmitem informações por meio de sinais elétricos.
Assim, a interação entre a água, o copo e o eletroestimulador cria uma dificuldade que vai além da simples ingestão de líquido, envolvendo uma resposta muscular peculiar às correntes elétricas emitidas pelo dispositivo.
O eletroestimulador pode ser problemático
Estudos indicam que impulsos elétricos podem liberar substâncias analgésicas, inibindo a transmissão do impulso de dor para o cérebro, o que resulta na redução da dor.
De acordo com Raquel Aparecida Casarotto, professora do curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a contração muscular pode ser induzida eletricamente.
Ao aplicar uma corrente elétrica em um ponto específico do músculo, este deixa o estado de repouso e contrai.
Tais intervenções médicas que utilizam estímulos elétricos são conhecidas como eletroterapia. Elas são prescritas de maneira personalizada, considerando o tipo e duração para cada tratamento.
No entanto, é importante destacar que o uso indiscriminado de choques elétricos, sem a devida orientação profissional, pode acarretar prejuízos à saúde.
A contração muscular prolongada exerce pressão sobre os vasos sanguíneos, reduzindo a circulação sanguínea e, consequentemente, a oxigenação na região. Em intensidades elevadas, a carga elétrica pode até causar danos aos tecidos.
Além de todas essas questões, o equipamento não é aconselhado em áreas próximas ao útero em mulheres grávidas e em locais de tratamento de feridas abertas.
Pacientes com câncer e portadores de marca-passos, assim como outros tipos de implantes elétricos ou metálicos que estejam externos à pele, também não devem usar o equipamento.
Pacientes com epilepsia correm o risco de desencadear convulsões, principalmente se os choques forem aplicados na região da cabeça e pescoço.
Assim, a aplicação desse tipo de terapia requer prudência e supervisão profissional para garantir a segurança e eficácia do tratamento.