Antes de 'Drácula', essa história já moldava e difundia o conceito do vampiro moderno; saiba qual é
Descubra a intrigante história anterior a 'Drácula', de Bram Stoker, que moldou a concepção moderna dos vampiros.
Antes da ascensão literária de “Drácula“, de Bram Stoker, as sombras europeias já escondiam outros vampiros. Contrariando a crença popular de que a figura do vampiro ganhou destaque apenas após 1897, evidências literárias sugerem uma narrativa anterior.
A primeira história de vampiro
Surpreendentemente, o cenário vampírico começou a se desenhar bem antes, nos séculos XVII e XVIII, conforme documentado por Wayne Bartlett e Flavia Idriceanu. Durante esse período, uma onda de contos vampíricos inundou o continente europeu.
Entretanto, uma história em particular parece ter estabelecido um marco. Em uma reunião em 1816, o conhecido poeta Lord Byron e seus convidados, incluindo Percy Bysshe Shelley, Mary Shelley e John Polidori, propuseram um desafio literário. Inspirados por “Fantasmagoriana”, uma coletânea de histórias de terror alemãs, cada um deveria criar sua própria narrativa de horror.
O resultado desse desafio foi marcante para a literatura: Mary Shelley começou a tramar “Frankenstein“, enquanto Polidori iniciou a escrita de “O Vampiro”. Curiosamente, houve controvérsias em torno da autoria e origens deste conto, com rumores de que Polidori teria aproveitado ideias de Byron.
O lançamento de “O Vampiro”, contudo, foi envolto em polêmica. A The New Monthly Magazine publicou a história atribuindo-a erroneamente a Lord Byron, o que causou um escândalo literário. Byron e Polidori desmentiram tal autoria, porém o dano já havia sido feito. A controvérsia eclipsou a carreira literária de Polidori, que era médico de formação.
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução
Mas, apesar dos desafios, “O Vampiro” persistiu e reverberou nas décadas seguintes, remodelando a concepção da criatura sobrenatural. Antes vistos como seres repugnantes, os vampiros foram transformados por Polidori em figuras aristocráticas e sedutoras, uma influência que permanece até hoje.
Robert Morrison, destacado editor, atesta a transformação radical que Polidori imprimiu ao vampiro. Ele associa, inclusive, a imagem do protagonista, Lord Ruthven, à personalidade de Lord Byron.
De fato, a influência de “O Vampiro” ecoou em obras de escritores famosos. Edgar Allan Poe e Emily Brontë, por exemplo, apresentam traços da narrativa vampírica em suas respectivas obras, anos antes do lançamento de “Drácula”.