Você sentiu? Deslizamento na Groenlândia faz Terra vibrar por 9 dias seguidos

Entenda como o fenômeno ocorreu e quais foram os impactos provocados; mudanças climáticas são apontadas como motivo.

Um deslizamento de terra na Groenlândia, ocorrido há um ano, desencadeou um tsunami que fez a Terra vibrar por nove dias. Essa conclusão é parte de um estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Geológica da Dinamarca e Groenlândia, publicado na revista Science.

As ondas geradas pelo evento se espalharam pelo remoto fiorde de Dickson, produzindo um sinal sísmico captado por sensores em ciclos de 90 segundos.

O colapso ocorreu em uma montanha de 1.200 metros, lançando cerca de 25 milhões de metros cúbicos de rocha e gelo no fiorde. Essa massa provocou uma explosão de água que atingiu 200 metros de altura, formando ondas consecutivas de 110 metros.

Foto mostra a montanha antes e depois do deslizamento. (Créditos: Soren Rysgaard/Exército dinamarquês/SWNS)

Os pesquisadores calcularam que essas ondas se estenderam por 10 quilômetros e, em poucos minutos, reduziram-se a sete metros, continuando com pequenas oscilações nos dias seguintes.

Para compreender como o movimento durou tanto tempo, os cientistas recriaram o ângulo do deslizamento utilizando um modelo matemático.

A estrutura do fiorde também contribuiu: por ser uma entrada de mar entre montanhas rochosas e confinada em formações estreitas e curvas, a água oscilou repetidamente, gerando vibrações na crosta terrestre.

Relacionando o evento às mudanças climáticas

Os pesquisadores indicam que o deslizamento foi resultado do afinamento da geleira ao pé da montanha, um efeito direto das mudanças climáticas.

Segundo Stephen Hicks, da University College London (UCL), o estudo destaca a ligação entre as alterações no clima, a instabilidade do gelo nas geleiras e os movimentos na crosta terrestre.

“Nosso estudo desse evento destaca de forma surpreendente as intrincadas conexões entre as mudanças climáticas na atmosfera, a desestabilização do gelo das geleiras na criosfera, movimentos corpos d’água na hidrosfera e a crosta sólida da Terra na litosfera”, afirmou.

Um fenômeno inédito e preocupante

Deslizamentos similares são comuns em regiões como Alasca e Noruega, mas este foi o primeiro registrado na parte oriental da Groenlândia.

Os cientistas alertam que tais eventos podem se tornar mais frequentes à medida que o aquecimento global se intensifica, gerando tsunamis de grande magnitude, especialmente em áreas como fiordes, que apresentam condições ideais para esses deslocamentos.

O aquecimento das águas oceânicas e o derretimento acelerado das geleiras aumentam o risco de instabilidade nas encostas, criando um cenário preocupante para comunidades costeiras e para a geografia das regiões polares, que são especialmente vulneráveis a essas mudanças.

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