Vazamento de material radioativo em 2022: usina nuclear brasileira omitiu o caso?
Denúncia anônima afirma que, em setembro de 2022, a Usina Angra I deixou vazar 90 litros de água contaminada.
A energia nuclear é utilizada por muitos países do mundo devido a grande quantidade de eletricidade que é capaz de gerar. Ao contrário do imaginário popular, no Brasil também há usinas nucleares. Ambas estão localizadas na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro e foram nomeadas como Angra I e Angra II.
Tal como qualquer outra usina nuclear no mundo, as nossas estão lidando com material radioativo. Portanto, devem cumprir com todos os requisitos de segurança, bem como informar as autoridades em caso de algum problema. Por que devem fazer isso, você se pergunta? Bom, Chernobyl está aí para explicar!
No entanto, no dia 16 de setembro de 2022, a usina Angra I deixou vazar um material contaminado com um volume aproximado de cerca de 90 litros de água.
Mas quais são os riscos disso? Bem, em resumo, a água contaminada tem a ver com o processo de fissão nuclear, que produz a energia nessas instalações. A partir da energia liberada em forma de calor, a água aquecida é capaz de mover turbinas que, por sua vez geram a eletricidade.
Sendo assim, muita água é utilizada para o resfriamento do núcleo, a qual consequentemente acaba contaminada com radioatividade. Imagine as consequências de ter 90 litros dessa água vazados no meio ambiente!
Vazamento em Angra I
O principal problema do vazamento radiotivo em Angra I é que ele não foi informado para as autoridades competentes. A Eletronuclear, empresa responsável pela usina, preferiu ocultar o fato com a justificativa de que os níveis de radioatividade eram baixos.
Foi apenas através de uma denuncia anônima que o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) ficou sabendo do ocorrido no dia 30 de setembro, quase duas semanas após o acidente.
Ao entrar em contato com a Eletronuclear, a empresa negou o ocorrido e, no mesmo dia, emitiu uma nota informando que houve aumento na taxa de radiação em uma sala apenas por conta de água acumulada em alguns ralos.
Porém, nos dias 7 e 11 de outubro, ou seja, quase um mês após o incidente, a empresa entrou em contato com o Ibama e com a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).
Durante a conversa, a empresa informou que, de fato, houve um vazamento e que a água contaminada “foi involuntariamente lançada no sistema pluvial (rio)” e que havia chegado ao oceano.
O nível de radiação presente na água não era suficiente para oferecer riscos à população, conforme afirmam o Ibama e a CNEN. Porém devido ao atraso na comunicação do ocorrido, a Eletronuclear será multada.
Segundo a legislação, a comunicação de vazamentos radioativos deve ser feita imediatamente. Por isso, no dia 28 de fevereiro deste ano, o Ibama informou que a multa pelo vazamento do material será no valor de 2 milhões de reais, e mais 101 mil reais pelo descumprimento das normas de licença ambiental.