Jogo sobre escravidão é retirado do Google Play e desenvolvedora é BANIDA da plataforma

O 'jogo' foi retirado após protestos e denúncias acerca de apologia à escravidão.

A acessibilidade ao desenvolvimento de jogos tem tornado este processo cada vez mais rápido e fácil. O problema é que nem todas as produções são necessariamente positivas ou vão agregar algo de bom para a vida das pessoas. Inclusive, algumas delas até ferem os direitos humanos.

É o caso do chamado “Simulador de Escravidão”, um “jogo” que, até poucos dias, estava disponível para download e monetizava com anúncios dentro do Google Play.

O dito “jogo” só foi retirado do ar após denúncias e protestos dos usuários nas redes sociais. Confira.

Google Play bane a Magnus Games por ‘Simulador de Escravidão’

Após disponibilizar simulador de escravidão Google Play tira do ar
Foto: Google Play/Reprodução

No tal “simulador de escravidão”, o jogador se divertia fingindo ser dono de escravos, sempre retratados enquanto pessoas advindas de minorias étnicas, como pretos, pardos e indígenas. No “jogo”, o dono dos escravos utilizava meios de tortura para castigá-los e lucrar com isso.

Como a descrição já deixa evidente, o game é muito ofensivo para toda a sociedade, mas, em especial, à comunidade negra, que possui um passado histórico marcado pela escravidão e que remonta até os dias de hoje.

Após protestos da comunidade, principalmente on-line, o título foi retirado do ar na última quarta-feira (24/05). Porém ainda restava a questão: quem está lucrando com este tipo de conteúdo?

Por isso, no último sábado (27/5), o Google Play anunciou o banimento da desenvolvedora Magnus Games de sua plataforma. Além disso, a associação Educafro pediu uma indenização de R$100 milhões com fundamento nos artigos 1º, II, IV e VII, da Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública).

Segundo a Educafro e com base na Lei brasileira, é cabível a ação civil pública para tutela de danos causados ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos, bem como a qualquer interesse difuso.

Para uma empresa que fatura R$1,7 milhões por minuto, a indenização até que não está muito cara.

Posicionamento dos desenvolvedores

A Magnus Games, produtora com sede na Malásia, não se posicionou oficialmente sobre o assunto, mas deixou um recado no próprio jogo:

“O jogo foi criado exclusivamente para fins de entretenimento. Nosso estúdio condena a escravidão em qualquer forma. Todo o conteúdo do jogo é fictício e não está vinculado a eventos históricos específicos. Todas as coincidências são acidentais.”

Mesmo assim, o aviso não é suficiente para justificar a apologia ao racismo e escravidão. Afinal, alguns dos comentários de usuários disponíveis sobre o jogo na plataforma revelavam os pensamentos racistas e ofensivos que eles realmente têm.

Veja uma avaliação do jogador Mateus Schizophrenic, que deu pontuação máxima e comentou:

“Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam ‘estalar’ a opção de açoitar o escravo também.”

E a Google com a isso?

Vale lembrar que todos os conteúdos disponibilizados nas lojas de distribuição de aplicativos passam por uma supervisão interna antes de chegarem ao público.

No entanto, os usuários mais ligados em tecnologia sabem que o Google Play não é a loja que mais presta atenção no tipo de conteúdo que chega por lá, visto que vários softwares maliciosos são distribuídos por lá e a empresa não parece se movimentar o suficiente para detê-los.

Só que isso não tira a responsabilidade dessas empresas. Ao disponibilizar games com apologia ao crime, elas mostram que não cumprem com as suas próprias políticas. Caso contrário, então elas estão dizendo que são coniventes com racismo. Aí já é outra história.

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