Projeto de moradia em asteroide para até 700 mil pessoas? Cientistas dizem ser possível
O engenheiro aposentado David W. Jensen revoluciona a ideia de moradia espacial ao propor a transformação de um asteroide em um habitat para 700 mil pessoas. Saiba mais.
A proposta de reutilizar um asteroide como uma estação espacial habitável, isto é, um lar para milhares de pessoas, não é novidade no mundo científico. No entanto, sempre foi vista como uma empreitada cara e complexa. Agora, um engenheiro aposentado propõe um método que pode simplificar essa visão futurista e torná-la acessível, impulsionando potencialmente a exploração do cosmos.
Projeto de moradia em asteroide
David W. Jensen, ex-colaborador da Rockwell Collins, desenvolveu um estudo que demonstra a viabilidade de se criar um habitat espacial rotativo em um corpo celeste próximo, com um custo relativamente baixo, graças ao auxílio da tecnologia.
O artigo, divulgado na plataforma arXiv e ainda aguardando revisão, estima o custo da transformação do asteroide em uma estação habitável em US$ 4,1 bilhões, algo em torno de R$ 20 bilhões. Essa quantia é muito mais acessível se comparada aos projetos espaciais de grande escala, como a missão Artemis da NASA, que tem um orçamento de US$ 93 bilhões.
Imagem: vencavolrab/Getty Images
A escolha do asteroide é crucial para o sucesso do projeto. Jensen focou na composição do asteroide, na proximidade com a Terra e em seu tamanho. O Atira foi selecionado após um processo rigoroso. Trata-se de um asteroide do tipo S, com um diâmetro de 4,8 km, que até possui uma “lua” própria – um asteroide menor que o orbita de perto.
Apesar de não ser o asteroide mais próximo, sua órbita estável na “zona Goldilocks” do nosso Sistema Solar facilita a estabilização da temperatura interna do habitat que seria criado.
Jensen explorou quatro tipos comuns de habitats: “dumbbell” (haltere), esfera, cilindro e torus. A gravidade, ou “gravidade artificial”, causada pela força centrípeta, é uma consideração crítica, dada a necessidade de compensar os efeitos negativos de viver em ambientes de baixa gravidade por longos períodos.
Para obter força centrípeta, a estação terá que girar. Uma parte da criação do habitat espacial envolve fazer o próprio asteroide girar até atingir uma velocidade rotacional razoável, que possa simular com precisão a gravidade terrestre.
Robôs autorreplicantes são a resposta de Jensen para a construção. Ele sugere enviar uma “cápsula semente” contendo quatro robôs-aranha e uma estação base, com eletrônicos avançados suficientes para construir mais 3.000 robôs-aranha, pesando cerca de 8,6 toneladas métricas, bem abaixo da capacidade de um Falcon Heavy moderno. Uma vez no asteroide, não seria necessária mais nenhuma entrada da Terra.