POLÊMICA: missão da NASA leva DNA humano e restos mortais para a Lua
Informação de que a agência espacial dos EUA participará de uma missão comercial na Lua gerou repúdio: 'profanação'.
A United Launch Alliance (ULA), uma companhia gigante do setor aeroespacial, e a Astrobotic levaram ao espaço, em 8 de janeiro, um foguete com a sonda Peregrine até a Lua.
O equipamento, no entanto, não será a única carga. A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) e o governo dos Estados Unidos aproveitaram a viagem para transportar conjuntos de DNA humano e restos mortais. É isso mesmo que você leu.
O chamado “memorial espacial” já é vendido por duas empresas, a Celestis e a Elysium Space. A primeira envia material biológico para o espaço profundo, enquanto a outra leva restos humanos à Lua.
Polêmica imediata
Missões comerciais na Lua viram alvo de protesto e NASA é questionada por participação – Foto: Reprodução
A proposta, claro, virou uma grande polêmica. O presidente da Nação Navajo (território indígena dos EUA), Buu Nygren, chegou a apresentar uma reclamação formal à agência espacial, na qual ele chama o ato de “profanação”.
“É crucial enfatizar que a Lua ocupa uma posição sagrada em muitas culturas indígenas, incluindo a nossa”, escreveu Nygren.
A carta foi publicada no dia 21 de dezembro. Ele solicitou ainda que a Nasa adiasse a missão até que os pedidos de cancelamento fossem analisados com o devido critério.
Argumento
Quando a data da missão se aproximou, os representantes da Nasa optaram por rebater as críticas. Segundo eles, a missão é um esforço comercial privado e a agência apenas contratou o foguete para levar suas cargas científicas.
“Não temos direito de dizer-lhes o que podem ou não transportar. O processo de aprovação não passa pela NASA para missões comerciais”, afirmou Chris Culbert, gerente do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) no Centro Espacial Johnson da NASA, em Houston.
Colega de trabalho de Culbert, o vice-administrador associado de exploração da Diretoria de Missões Científicas da NASA, Joel Kearns, ponderou que tais missões comerciais podem gerar ainda mais polêmica no futuro.
Para ele, cargas comerciais não pertencentes à NASA serão motivo de preocupação para algumas comunidades, que podem não compreender o caráter comercial dessas missões.
Possibilidade de protestos
Kearns acrescenta ainda que essas cargas podem ser usadas para fins publicitários, o que possibilita mais protestos públicos.
Essas primeiras missões comerciais, na visão dele, serão cruciais para que a agência americana e outras entendam melhor como regular o acesso à Lua, futuramente.
Para avaliar as reclamações, a NASA criou um grupo de análise pelo qual passou a carta assinada pelo presidente da Nação Navajo. Porém, o foguete decolou com sucesso ontem, segunda-feira (8), portanto, a missão não foi adiada.