Polêmica criada com sucesso: RJ oficializa acarajé como patrimônio histórico e dá o que falar!
Decisão provocou debates acalorados sobre a apropriação cultural e as raízes culinárias.
Originário da rica cultura africana, o acarajé atravessou fronteiras para se estabelecer como um ícone culinário representativo da Bahia.
No entanto, nos últimos dias, o Rio de Janeiro reconheceu o prato como um importante patrimônio histórico e cultural, causando uma onda de indignação entre os baianos nas redes sociais.
A Lei 10.157/23, de autoria dos deputados Renata Souza (Psol), Dani Monteiro (Psol) e Átila Nunes (MDB), foi aprovada pelo governador Cláudio Castro e oficialmente registrada na edição de 25 de outubro no Diário Oficial.
Como resultado, a responsabilidade pela preparação, produção e comercialização do acarajé foi atribuída aos residentes do Rio de Janeiro.
Em nota oficial, o Palácio Tiradentes falou sobre a origem do famoso prato:
“O acarajé é uma especialidade das culinárias africana e afro-brasileira. Trata-se de um bolinho feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, e frito em azeite de dendê. Seu nome vem da língua africana iorubá, onde ‘akará’ quer dizer ‘bola de fogo’ e ‘jé’ significa ‘comer’.”, diz a nota.
No domingo (29/10), a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Atividades Afins (ABAM) emitiu um comunicado em apoio à aprovação da lei.
O projeto foi debatido em segunda discussão pelo plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
“Embora a associação direta e legítima seja baiana, o acarajé está presente há muito tempo na paisagem do Rio, é uma invenção do povo negro, africano, que está em toda parte do Brasil, tendo grande importância, sobretudo para a população negra local de cada região”, ressalta um trecho da nota.
Lei gera controvérsias nas redes sociais
Imagem: Tastemade/Reprodução
Desde o anúncio da lei, os baianos não aceitaram de forma unânime a decisão, gerando uma divisão de opiniões nas redes sociais. Muitos internautas expressaram a visão de que o assunto não deveria ser de competência da Alerj.
Além disso, houve críticas à defesa do projeto, com algumas pessoas argumentando que o Rio de Janeiro enfrenta desafios mais urgentes que merecem atenção.
Alguns dos comentários publicados no X (antigo Twitter) diziam o seguinte:
“Que palhaçada é essa? Acarajé é da Bahia”, “Daqui a pouco o ‘oxe’ vira sudestino” e “Já não basta terem surrupiado o título de capital do Brasil, o samba e a bossa nova… agora o nome de quem vende vai ser carioca de acarajé e não mais baiana?”
Na Bahia, o popular “bolinho de fogo” não é reconhecido como patrimônio histórico e cultural. Apenas o ofício das Baianas de Acarajé, que envolve a tradicional produção e venda em tabuleiros, foi nomeado como patrimônio imaterial da cultura baiana pela Lei 14.191/12, desde o ano de 2012.