Pintura gera debate sobre dinossauros e humanos na mesma época
Obra renascentista fomentou questionamentos sobre dinossauros e humanos coexistindo. Erroneamente atribuído a um artista inexistente, na verdade, o quadro ilustra um evento bíblico.
Em meio às teorias da internet, surgiu uma intrigante afirmação: humanos e dinossauros teriam convivido. Isso é sugerido por uma pintura do século XVI, supostamente de Peter-Bruce Gale. Contudo, a verdade é outra.
A obra é de Pieter Bruegel, o Velho, um renomado artista flamenco. A tela, datada de 1562, é na realidade uma representação do suicídio do rei Saulo, uma cena bíblica, e não uma evidência de convivência entre homens e dinossauros.
Interpretações errôneas e a realidade artística
A confusão sobre a coexistência de dinossauros e humanos baseia-se na representação de criaturas na pintura de Bruegel.
Estas, longe de serem dinossauros, são, na verdade, tentativas de ilustrar camelos, um animal descrito na história bíblica, mas desconhecido pessoalmente pelo pintor.
Pintura do Pieter Bruegel, o Velho – Imagem: Domínio Público/Reprodução
Tal distorção visual é um reflexo das limitações da época, quando viagens eram raras e o conhecimento sobre outras culturas e suas faunas era escasso.
A pintura de Bruegel também apresenta anacronismos, como soldados com armaduras medievais europeias e armas ocidentais, o reflexo de um período de conflitos entre a Europa e os otomanos.
Esse tipo de representação não era incomum e refletia tanto os desejos dos contratantes quanto a falta de preocupação dos artistas com a precisão histórica.
Bruegel, embora educado em arte, nunca havia visitado o Oriente Médio e provavelmente baseava-se em relatos e outras obras para suas representações.
A arte como reflexo do conhecimento da época
Além de camelos, outros animais, como leões e elefantes, foram representados de maneiras inusitadas e até cômicas em diversas obras do passado, devido à falta de conhecimento direto dos artistas sobre tais criaturas.
Um exemplo notável disso é o famoso Leão de Gripsholm: um leão do século XVIII que foi enviado do reino de Argel (atual Argélia) à Suécia.
Ele foi empalhado, mas os taxidermistas suecos não faziam ideia de como aquele animal aparentava ser na realidade.
O Leão de Gripsholm – Imagem: Aventuras na História/Reprodução
Essas representações peculiares são um testemunho das limitações da época, quando o conhecimento era disseminado principalmente por relatos orais e as viagens eram raras e desafiadoras.