Pesquisa aponta NOVO BIOMA no Brasil; um deserto está se formando

Novo estudo revela que um deserto está se formando no Brasil. Por que isso está acontecendo?

Há pouco tempo era amplamente reconhecido que o Brasil não abriga desertos ao longo de seu extenso território.

Essa característica geográfica é um bioma atribuído a uma série de fatores climáticos e geográficos que diferenciam o Brasil de regiões propícias à formação de desertos.

O Brasil é predominantemente composto por uma vasta extensão de florestas tropicais, savanas e regiões úmidas.

Grande parte do país possui um clima tropical, com altos níveis de precipitação pluvial ao longo do ano.

Tais condições climáticas não favorecem a geração de desertos, caracterizados por baixos índices pluviométricos e temperaturas extremas.

No entanto, um recente estudo conduzido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) trouxe à tona uma descoberta surpreendente: a identificação da primeira região desértica do Brasil.

Fenômeno inédito faz deserto surgir no Brasil

Deserto no Brasil é algo inédito – Imagem: Reprodução

Esse fenômeno foi observado em cinco municípios do oeste da Bahia: Rodelas, Juazeiro, Abaré, Chorrochó e Macururé, totalizando uma área de 5,7 mil km².

A revelação surge em meio a uma série de mudanças climáticas que estão alterando profundamente o cenário ambiental do país.

Ao longo de quase vinte e cinco anos, moradores como Ana Lucia da Silva, agricultora de 41 anos, testemunharam o declínio das condições climáticas na zona rural de Juazeiro (BA).

Ela relata que as transformações na paisagem e no clima afetaram drasticamente suas atividades agrícolas, com períodos de chuva mais escassos e temperaturas cada vez mais elevadas.

O estudo realizado pelo Cemaden examinou dados climáticos acumulados ao longo de 60 anos e identificou uma mudança significativa nas condições climáticas da região.

Tal alteração do padrão semiárido para árido representa uma diminuição média na precipitação pluvial, passando de 800 mm para 500 mm anuais.

Consequentemente, o clima tornou-se mais seco, dificultando a reposição hídrica no solo e impactando diretamente a vida dos habitantes locais.

Aquecimento global e sua relação com o fenômeno

Os pesquisadores apontam que esse processo está diretamente ligado ao aquecimento global, que acelera a evaporação da água para a atmosfera em ritmo superior ao de reposição, resultando em déficits hídricos e secas mais severas.

De fato, um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que o aumento das temperaturas no Brasil foi mais intenso que a média global, atingindo um crescimento médio de 1,5 °C e chegando a 3 °C em algumas regiões.

Tais mudanças climáticas têm consequências profundas não apenas para a agricultura, mas também para outras atividades econômicas e o fornecimento de água potável.

A desertificação, que já afeta 85% do semiárido brasileiro, compromete a fertilidade do solo, reduzindo a biodiversidade e tornando a terra cada vez menos produtiva.

Diante desse cenário preocupante, os especialistas destacam a urgência de medidas de adaptação e mitigação.

Javier Tomasella, pesquisador do Inpe, ressalta que soluções para a adaptação climática já existem e incluem o uso mais eficiente dos recursos hídricos. No entanto, enfatiza a necessidade de implementação rápida de tais medidas.

O estudo realizado pelo Cemaden foi encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente, que anunciou a elaboração de um novo plano de combate à desertificação e de mitigação dos efeitos da seca.

Essa iniciativa tem o objetivo de enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir a sustentabilidade ambiental e econômica das regiões afetadas.

Quanto a isso, a preservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades locais dependem de medidas eficazes e coordenadas para mitigar os impactos dessa transformação climática sem precedentes.

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