Personalidade e riqueza: novo estudo indica relação entre traços psicológicos e prosperidade

Estudo denominado 'Personalidade e Riqueza', de Mark Fenton-O'Creevy e Adrian Furnham, destaca informações sobre a influência dos traços de personalidade no acúmulo de riqueza.

De acordo com uma nova pesquisa de psicologia publicada na Financial Planning Review, a consciência parece desempenhar um papel importantíssimo na gestão do dinheiro e no acúmulo de riqueza.

As descobertas evidenciam que indivíduos mais diligentes, organizados e trabalhadores tendem a ter níveis mais altos de riqueza, mesmo após levarem em conta outros fatores relevantes, como a educação.

Para chegar a esse indicativo, o estudo examinou a relação entre os traços de personalidade e a riqueza de uma pessoa, medida por condições relevantes como propriedade, poupança, investimentos e itens físicos valiosos.

Os pesquisadores pretendiam explorar a influência dos traços de personalidade na ampliação da riqueza além das categorias demográficas conhecidas, como idade, renda e educação.

Em entrevista, o autor do estudo Mark Fenton-O’Creevy, professor de comportamento organizacional no The Open University Business School e criador do blog Emotional Finance, airma:

“Fiquei interessado na psicologia do comportamento financeiro ao estudar traders em bancos de investimento e descobri o quão importante a personalidade e as emoções eram para o desempenho do trader.”

Entendendo as características de personalidade

Em um dos indicativos para provar seu estudo, os pesquisadores aplicaram o modelo de personalidade “Big Five”, uma estrutura usada para entender e medir a personalidade das pessoas com base em cinco características principais, que consistem na abertura à experiência (curiosidade e mente aberta), conscienciosidade (organização e responsabilidade), extroversão (sociabilidade e energia), amabilidade (cooperatividade e empatia) e neuroticismo (estabilidade emocional).

Baseado nesta estrutura, cada pessoa se enquadra em um espectro para cada característica, e essas características ajudam a descrever como os indivíduos diferem uns dos outros em termos de preferências, comportamentos e emoções.

Durante a condução do estudo, os pesquisadores realizaram uma análise secundária de uma amostra do Reino Unido derivada de dois conjuntos de dados já existentes.

A primeira pesquisa forneceu medidas de personalidade, enquanto a segunda avaliou atitudes em relação ao dinheiro e forneceu mais detalhes sobre medidas de riqueza e variáveis demográficas.

O conjunto de dados combinado também incluiu respostas de 3.240 participantes.

A partir destes dados, os pesquisadores conseguiram aprofundar as correlações entre traços de personalidade, variáveis demográficas e as medidas de riqueza de propriedade, poupança, investimentos e itens físicos. Eles também conseguiram realizar testes variados para determinar o efeito geral das variáveis independentes sobre a riqueza.

Concluiu-se que as pessoas mais velhas, com rendas mais altas, tendem a ter maior riqueza. Gênero e educação também mostraram equiparações modestas, mas significativas, com a riqueza.

Em relação aos traços de personalidade, a conscienciosidade foi frequentemente relacionada com todas as três medidas de riqueza de forma positiva, indicando que indivíduos mais diligentes e organizados tendem a ter níveis mais altos de riqueza.

Surpreendentemente, a consciência teve uma correlação mais alta com medidas de riqueza em comparação com gênero ou educação. A relação foi relativamente baixa a respeito da escolaridade, embora o fator tenha tido uma correlação positiva e significativa com a consciência.

Isso propõe que seja provável que a conscientização esteja associada à forma como o dinheiro é investido e gasto, apesar da educação também contribuir para empregos com melhor remuneração e, portanto, seja também considerado um fator decisivo.

“Ficamos um tanto surpresos que a personalidade se tornou mais importante do que o nível de educação na acumulação de riqueza”, disse Fenton-O’Creevy ao PsyPost.

“Embora a educação tenha associações importantes com o nível de renda, pode ser que a consciência seja mais útil na gestão de gastos e cuidado com poupança e investimento.”

Olhando para o outro lado da mesma moeda, o neuroticismo foi negativamente relacionado à riqueza, sugerindo que as pessoas com níveis mais altos de volatilidade emocional e ansiedade tendem a acumular menos riqueza.

Os dados também revelam que o neuroticismo estava associado ao sucesso no trabalho, uma importante fonte de renda, de forma bastante negativa.

A natureza instável de indivíduos neuróticos pode prejudicar sua capacidade de administrar a riqueza de forma eficiente e responsável.

Servindo de auxílio aos planejadores financeiros

Outra descoberta feita a partir do estudo foi que a extroversão tinha uma correlação modesta, mas significativa, com a renda. No entanto, quando se trata de riqueza, a extroversão mostrou uma relação inversamente modesta, mas significativa, com poupança e investimentos, mas uma relação positiva com a riqueza mantida em itens físicos e bens.

Dessa forma, sugere-se que os extrovertidos podem ser mais impulsivos em seus gastos e tomar decisões ruins de investimento.  Os pesquisadores também encontraram resultados mistos para outros traços de personalidade. Por exemplo: a amabilidade mostrou algumas associações com a riqueza, mas foi menos consistente. A abertura teve relações variadas com diferentes aspectos do comportamento e resultados financeiros.

As descobertas do estudo podem ter implicações diretas para planejadores financeiros, consultores e instituições governamentais. Compreender a relação entre a personalidade e os resultados financeiros pode ajudar a adaptar os serviços e conselhos financeiros às necessidades dos indivíduos.

Fenton-O’Creevy explica:

“Ninguém deve tirar disso que, se você deseja melhorar sua situação financeira, deve mudar sua personalidade A personalidade muda muito lentamente ao longo da vida. Em vez disso, os insights deste estudo podem ajudar aqueles que oferecem consultoria financeira a adaptar seus conselhos à personalidade de seus clientes.”

Em resumo, o estudo forneceu informações sobre a influência dos traços de personalidade no acúmulo de riqueza, destacando a importância da consciência e o potencial impacto negativo do neuroticismo.

As descobertas contribuem para o crescente corpo de pesquisas que explora o papel dos fatores psicológicos no comportamento financeiro e nos resultados de riqueza.

“Embora este seja apenas um estudo, a descoberta sobre a importância da consciência parece se encaixar bem com outras pesquisas e a amostra é bastante boa”, disse Fenton-O’Creevy.

“No entanto, um estudo como este é apenas um instante no tempo e é difícil ter certeza se as associações que encontramos são causais. Para isso, você precisa coletar dados sobre as mesmas pessoas ao longo de vários anos.”

Por fim, em português literal, este estudo chama-se “Personalidade e Riqueza” e foi escrito por Mark Fenton-O’Creevy e Adrian Furnham.

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