Nova camada terrestre? Cientistas descobrem estrutura misteriosa que envolve o núcleo da Terra

Com dados recentes de diversos abalos sísmicos, pesquisadores observaram uma formação interna para lá de inusitada envolvendo o núcleo terrestre.

Embora tenhamos conquistado um vasto conhecimento sobre o Universo, é surpreendente perceber que as informações sobre o próprio planeta em que habitamos permanecem relativamente limitadas.

Isso porque estudos dedicados a desvendar os mistérios geológicos do nosso planeta não são realizados facilmente, dada a extrema dificuldade em investigar as camadas profundas do solo devido às altas temperaturas e à pressão esmagadora.

Por isso, um estudo geológico recente tornou-se o centro das atenções da comunidade científica. Seus resultados sugerem a existência de um grande oceano subterrâneo entre o manto e o núcleo da Terra, desafiando nossa compreensão acerca dos seres humanos e do planeta.

Planeta Terra pode ter camada oceânica envolvendo seu núcleo

Imagem: Universidade do Alabama/Reprodução

Publicado na renomada revista científica Science Advances em abril deste ano, o estudo, conduzido por cientistas da Universidade do Alabama, traz uma descoberta impressionante.

A equipe identificou uma fina e densa camada oceânica situada aproximadamente a 2,9 mil quilômetros abaixo da superfície terrestre, entre o núcleo e o manto do nosso planeta.

Essa estrutura, até então desconhecida, foi observada na região do limite núcleo-manto (CMB), na qual fluidos metálicos derretidos encontram a estrutura rochosa do manto.

Essa descoberta foi possível graças a um mapa de alta resolução da geologia abaixo do Hemisfério Sul da Terra, criado a partir de imagens sísmicas do interior do planeta e revelando o que os cientistas acreditam ser um antigo fundo oceânico.

Até então, apenas manchas isoladas dessa formação haviam sido observadas. Sobre isso, a geóloga Samantha Hansen, da Universidade do Alabama, explica:

“Estamos descobrindo que esta estrutura é muito mais complicada do que se pensava. Nossa pesquisa fornece conexões importantes entre a estrutura superficial e profunda da Terra e os processos gerais que impulsionam o nosso planeta.”

Como o estudo fez essa descoberta?

Uma espécie de radiografia de alta qualidade, que evidencia zonas de velocidade ultrabaixa do som (ULVZs) e indica a presença de antigos fundos oceânicos, foi obtida a partir de dados de 15 estações sismológicas diferentes, localizadas na Antártica.

Um dos autores do estudo, Dr. Edward Garnero, da Universidade Estadual do Arizona, revelou que, na leitura de sua equipe, com o método usado e os dados da atenuação dos abalos sísmicos, as ULVZs podem possuir dezenas de quilômetros de espessura.

“Estamos observando montanhas no núcleo, em alguns lugares com até 5 vezes a altura do Monte Everest.”

O fato é que, hoje, a comunidade científica conhece mais a respeito do Universo do que dos mistérios do centro da Terra ou até mesmo dos oceanos. Portanto, estudos como este são de extrema importância para desvendarmos partes importantes sobre nosso lar.

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