No Brasil, conselheiros de empresas podem atuar até sem remuneração

Uma pesquisa indica que a construção de uma rede de contatos é crucial para adentrar em conselhos, e muitos desses especialistas não recebem remuneração.

Fazer parte de um conselho de administração representa o próximo passo na carreira de muitos executivos, pois marca o reconhecimento de uma trajetória profissional sólida e a construção de uma rede de contatos estratégica.

Segundo uma pesquisa conduzida pela Page Executive, em parceria com a rede de Institutos de Governança Corporativa da América Latina (IGCLA) e com apoio da International Finance Corporation (IFC) do Banco Mundial, o networking se destaca como o principal meio de acesso a essas posições de destaque.

A pesquisa, que ouviu 900 conselheiros na América Latina, 411 no Brasil, revelou que 45% desses profissionais alcançaram seus assentos por meio de relações com acionistas, enquanto 30% foram indicados.

É interessante notar que apenas 5% se candidataram diretamente, enquanto 13% ingressaram nos conselhos por meio de consultorias.

Thiago Gaudencio, executive partner na Page Executive Brasil, ressalta a importância dos processos formais de seleção conduzidos por consultorias experientes no recrutamento de membros de conselho.

Entretanto, essa prática ainda é pouco utilizada na América Latina, com o Brasil figurando entre os países com menor adoção de consultorias especializadas, ao lado do México e Argentina.

Qual é a remuneração dos conselheiros?

O levantamento revela que a faixa salarial por sessão varia entre US$ 2 mil e US$ 6,1 mil, enquanto a faixa salarial mensal fica entre US$ 2 mil e US$ 6 mil, independentemente do volume de negócios da empresa e do setor.

Compensação dos conselheiros por segmento setorial

O segmento da empresa não impacta drasticamente o ganho final – Imagem: PageGroup/Reprodução

Compensação dos líderes executivos por nação na América Latina

Remuneração de um conselheiro corporativo em cada país – Imagem: PageGroup/Reprodução

A compensação pode ocorrer de diversas formas, desde taxas mensais até renda anual ou participação em bônus e stock options.

Notavelmente, 32% dos postos nos conselhos na América Latina não são remunerados, especialmente em empresas menores e de capital fechado.

Em relação às habilidades necessárias para desempenhar essa função, conhecimentos em finanças são apontados por 65,2% dos entrevistados, seguidos por questões de ESG (ambiental, social e de governança), mencionadas por 48% dos conselheiros.

Outras habilidades incluem gerenciamento de riscos, conhecimento específico do setor, tecnologia, recursos humanos, regulamentação do setor, entre outras.

O estudo também revela aspectos demográficos dos conselhos na América Latina, o que indica que 34,6% dos entrevistados participam de apenas um board, enquanto 9% estão em cinco ou mais.

Em termos de experiência profissional, quase metade dos membros possui entre 5 e 15 anos de experiência em conselhos de administração, tanto em empresas nacionais quanto multinacionais. No Brasil, 33,6% dos conselheiros têm mais de 60 anos.

A pesquisa oferece insights valiosos sobre a dinâmica dos conselhos de administração na América Latina, assim destaca a importância do networking, a diversidade de habilidades necessárias e as características demográficas dos conselheiros.

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