NASA anuncia que em 2031 a Estação Espacial Internacional (EEI) será desativada e cairá na terra 

A Estação Espacial Internacional (EEI), também conhecida pela sigla em inglês ISS, é um laboratório espacial em baixa órbita da Terra

A Estação Espacial Internacional (EEI) objetiva, além da pesquisa, fornecer transporte e manutenção para missões espaciais e, até mesmo, servir como uma espécie de “posto espacial”, em que expedições possam abastecer-se de combustível entre um ponto e outro.

Leia mais: Intel anuncia novo Chip BlockChain para Mineração de Bitcoins

Por mais que seja uma causa nobre, há alguns percalços. Alguns países que atualmente tripulam e compõe a ISS, em especial a Rússia e os EUA, estão em constante conflito político e de interesses. E isso é algo grave, pois esses países são os principais financiadores da Estação. E por falar nisso, agências espaciais como a NASA custam aos seus governos bilhões de dólares, custo que recai sobre os cidadãos na forma de impostos.

Isso fez com que a atenção anteriormente dada à ISS caísse cada vez mais e oficializou nessa semana a desativação da Estação Espacial. O plano é tirá-la de órbita em janeiro de 2031 e lançá-la sobre uma área remota do Oceano Pacífico, onde a infraestrutura inteira da estação será descartada. Apesar de ser o fim de uma era de colaboração internacional em pesquisas e missões espaciais, isso pode ser uma boa notícia para a NASA, que há muito tempo almeja o envolvimento da iniciativa privada em seus projetos na baixa órbita da Terra.

Além disso, pode ser também uma boa oportunidade para empresas como a SpaceX de Elon Musk e Blue Origin, de Jeff Bezos. Apesar dos custos de uma viagem ao espaço estarem cada vez mais baixos, a comercialização de missões em baixa órbita ainda podem ser um desafio para a iniciativa privada. Segundo especialistas, essas missões ainda são relativamente caras e perigosas, apontando a necessidade do envolvimento contínuo de agências espaciais como a NASA, tanto por motivos científicos e de controle de qualidade da pesquisa quanto por motivos políticos.

Apesar disso, as empresas privadas estão apostando fortemente no espaço como a nova fronteira comercial a ser cruzada, prometendo levar ao espaço cinemas, hotéis, estúdios de filmagem e até mesmo outras indústrias.

Abertura para Estações Espaciais Comerciais

O envolvimento de empresas e instituições privadas na ISS não é nenhuma novidade. Afinal, pelo menos um dos módulos da Estação, o BEAM, foi instalado por uma empresa privada, mais especificamente a Bigelow Aerospace. Isso foi visto pelos especialistas e pelo público como um gigantesco passo em direção à colaboração com a iniciativa privada. No entanto, a empresa foi à falência em 2020, e a NASA passou a ser a proprietária oficial do módulo, servindo como um lembrete a todos os interessados de que lucrar com viagens espaciais pode ser um grande desafio.

 

Mesmo assim, o financiamento nesse setor não para de fluir, e podemos até dizer que estamos vivendo uma verdadeira corrida espacial pela segunda vez na história. Até agora, as empresas SpaceX, Blue Origin, Nanoracks, Northrop Grumman e Axiom Space todas já proporam suas versões comerciais de uma Estação Espacial de baixa órbita, desde aquelas mais aos moldes da ISS, até alguns projetos mais ambiciosos, que planejam oferecer não só estações de pesquisa e laboratórios, mas também oferecer um serviço de “férias no espaço” ao público. Todos esses projetos são parcialmente financiados pela NASA, mas colocá-los em prática vai depender de diversos fatores, não somente financeiros.

Construir uma estação espacial pode ser uma tarefa perigosa, demorada e extremamente cara. Além disso, o financiamento que a NASA pode oferecer dependerá também do Congresso americano, que determina qual porção dos impostos arrecados será destinada à agência especial americana.

Transporte

Uma dúvida que fica no ar, ainda falando sobre a ISS e a colaboração com empresas, é o que acontecerá com aquelas empresas que investiram tanto em fornecer transporte entre a Terra e a Estação Espacial Internacional. Até agora a SpaceX é a única empresa que tem uma nave aeroespacial pronta para isso, mas empresas como a Northrop Grumman, Boeing e Sierra Nevada Corporation tem projetos em andamento para suprir essa demanda.

Para alívio dessas empresas, essas naves espaciais poderão ser usadas para outros propósitos mesmo depois da desativação da ISS, principalmente se considerarmos os projetos citados acima, que levam a crer que é possível que em breve sejam construídas estações espaciais privadas no espaço.

Além disso, é possível que haja demanda do público em geral para a utilização desse tipo de espaçonave, assim como temos hoje a demanda constante do uso de aviões e voos comerciais.

Pesquisa ou Entretenimento?

São inúmeros os experimentos e achados científicos que podemos atribuir ao sucesso colaborativo que foi (e ainda é) a Estação Espacial Internacional. Com ela aprendemos sobre os efeitos a longo prazo que o espaço pode ter no corpo humano, além de entermos melhor o comportamento da matéria quando submetida à microgravidade.

É por isso que os planos de aposentar a ISS e ocupar o espaço que ela deixará com estações espaciais da iniciativa privada levantam muitas preocupações, dentre elas a de que o espaço não seja mais um lugar de pesquisa e avanço tecnológico e científico, mas um grande parque de diversões para pessoas ricas que possam pagar pelo turismo espacial que muitas empresas já tem planos de colocar em prática.

É por isso que muitos especialistas (incluindo aqueles que escreveram o plano de transição da ISS para os próximos anos) recomendam que o Congresso americano siga financiando empresas como a NASA e a pesquisa aeroespacial em geral. De acordo com Patrick O’Neill, que é porta-voz do CASIS – o principal centro de pesquisas e inovação científica da ISS – a estação espacial vem realizando pesquisas encomendadas pela iniciativa privada há muito tempo, incluindo empresas como Target, Goodyear e Merck.

Segundo O’Neill, não há motivos para que o processo inverso não possa ser feito. Ou seja, ao invés de ter a própria estação espacial em órbita, a NASA e as agências espaciais de outros países poderão comprar ou alugar espaços e módulos de diversas outras estações espaciais privadas que estiverem em baixa órbita da Terra.

De qualquer forma, a ausência da ISS com certeza será preenchida por estações espaciais comerciais. Sejam qual for o foco dessas estações, indústria, transporte ou entretenimento para o público, as oportunidades para pesquisa científica no espaço seguirão existindo.

você pode gostar também