Não funciona: óculos que filtra luz azul não ajuda na proteção ocular, segundo estudo recente
Populares, os óculos com filtro de luz azul estão por toda parte, sendo frequentemente oferecidos por oculistas. Contudo, parece que esse produto não é tão eficaz como o prometido.
Nos últimos anos, o uso constante de celulares, computadores e dispositivos eletrônicos levantou preocupações sobre a qualidade da visão humana e a necessidade de proteção contra a poluição luminosa. A exposição prolongada a essas fontes de luz tem sido associada a problemas como dores de cabeça e cansaço visual.
Diante disso, surgiram algumas alternativas visando auxiliar na proteção dos olhos, como os óculos de filtro de luz azul, que se tornaram muito populares em todo o mundo.
No entanto, ainda existem muitas dúvidas relacionadas à eficácia desses óculos e se eles realmente ajudam a reduzir os efeitos negativos da exposição à luz emitida pelas telas dos aparelhos eletrônicos. Neste contexto, um novo estudo sugere que, embora muitos invistam em sua aquisição, esses protetores não possuem benefícios comprovados.
Óculos com filtro de luz azul pode não ser funcional
Foto: Gorodenkoff/iStock/Reprodução
Uma revisão recente, publicada no dia 17 de agosto, no Cochrane Database of Systematic Reviews, questiona a eficácia dos óculos com filtro azul na redução da fadiga ocular.
A ideia desses óculos que filtram a luz azul baseia-se em estudos laboratoriais e em animais que sugerem que a luz azul pode danificar o globo ocular.
Além disso, muitas óticas recomendam a compra, mediante pagamento adicional, desses óculos protetores. Contudo, não existe uma ligação clara entre a exposição à luz azul das telas de computador e danos oculares.
O que diz o estudo?
Ao analisar 17 ensaios clínicos, que envolveram aproximadamente 620 participantes de seis países diferentes, os pesquisadores concluíram que os bloqueadores de luz azul não demonstraram eficácia na atenuação da fadiga ocular, ou seja, no alívio do cansaço na visão.
Essa fadiga ocorre principalmente devido à diminuição da frequência de piscar, que ocorre com o uso de dispositivos eletrônicos, causando desconforto e desidratação ocular.
Segundo a autora do estudo, Laura Downier, que é professora associada de optometria e ciências da visão na Universidade de Melbourne, Austrália, as lentes com filtro de luz azul parecem ser desnecessárias para adultos saudáveis que visam reduzir a fadiga ocular.
Vale ressaltar que esta revisão não conclui com total certeza a falta de benefícios desses óculos, uma vez que os estudos analisados não possuíam um acompanhamento a longo prazo. Além disso, a Academia Americana de Oftalmologia indica que é possível manter a luz dos aparelhos reduzida e em modo noturno ou modo leitura.