Museu revela detalhes surpreendentes do gabinete de Dom Pedro II em vídeo emocionante
Segundo especialistas, o monarca desenvolvia diversas atividades no local, desde decisões políticas à leitura.
Dom Pedro II foi o segundo imperador do Brasil e governou o país por surpreendentes 49 anos, um período que ficou conhecido como o Segundo Reinado.
Nessa época, de 1840 a 1889, vários acontecimentos históricos importantes ocorreram, como a Guerra do Paraguai, as Revoltas Regenciais e a Abolição da Escravatura.
Muitos objetos daquele tempo encontram-se hoje guardados no Museu Imperial, localizado na cidade de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro, uma instituição destinada a preservar itens do passado e garantir sua integridade.
No dia 20 de fevereiro deste ano, a organização postou um vídeo na plataforma do TikTok (cujo conteúdo já foi replicado no YouTube), o qual alcançou um número superior a 4,5 mil visualizações.
Na filmagem, podemos ver como era o gabinete do monarca por dentro. Na legenda do post está escrito que cada elemento ilustra a paixão daquele homem pela ciência.
Segundo historiadores, o local era frequentado pelo imperador nos seus momentos de leitura e estudo, e ele utilizava o tempo que permanecia ali também para ler e escrever cartas, a maioria vindas de amigos, intelectuais e cientistas do mundo todo.
Dentre os objetos que se destacam, está o chamado ‘óculos de alcance’, ferramenta utilizada nas horas noturnas para que o imperador pudesse observar as estrelas.
Também há os vasos de porcelana contendo retratos dele e de sua esposa, D. Teresa Cristina, e o telefone, invento adquirido durante uma visita aos EUA.
Conforme o Museu Imperial, o equipamento telefônico fazia ligação entre a Fazenda Imperial de Santa Cruz e o Palácio de São Cristóvão, uma importante inovação para a época e o contexto no qual o Brasil estava inserido.
“A relação de D. Pedro II com o aparelho data da Exposição Comemorativa do Centenário da Independência dos Estados Unidos da América, na Filadélfia, em 1876, quando conheceu a invenção”, afirma a instituição.
Como foi o reinado de Dom Pedro II?
D. Pedro II aos 46 anos com seus trajes cerimoniais de monarca – Imagem: Quadro de Pedro Américo/Museu Imperial/Reprodução
Dom Pedro II era filho de Dona Leopoldina e do Imperador Dom Pedro I, nasceu em São Cristóvão, no dia 2 de dezembro de 1825, em um país já independente do domínio português.
Em 1831, o jovem se tornaria príncipe regente, quando o pai foi obrigado a abdicar do trono para retornar a Portugal de modo a contornar uma crise por lá.
Por ele ainda ser muito novo, dos anos de 1831 a 1840 o território nacional foi governado por um grupo de regentes.
Enquanto isso acontecia, o garoto ficou sob a responsabilidade de José Bonifácio de Andrada e Silva e Manuel Inácio de Andrada Souto Maior Pinto Coelho, dois proeminentes políticos.
Naquele tempo, a rotina do rapaz era pautada por estudos e aulas diversificados, todo o conteúdo era destinado a prepará-lo para assumir o trono brasileiro, quando já tivesse idade o bastante para tal responsabilidade.
Mas a história é uma caixinha de surpresas e várias revoltas estavam eclodindo contra o governo dos regentes.
Então, sob a alegação de preservar a monarquia, em 23 de julho de 1840, deu-se o Golpe da Maioridade, antecipando a ascensão de Dom Pedro II ao trono, que só deveria acontecer em 1843 legalmente.
O Segundo Reinado foi marcado por uma série de fatos marcantes que seriam posteriormente estudados nas escolas brasileiras.
Neles todos, a atuação imperial foi fundamental para a manutenção da unidade do Brasil como nação:
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Fim do tráfico negreiro (1850);
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Lei de Terras (1850);
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Guerra do Paraguai (1864 – 1870);
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Lei do Ventre Livre (1871);
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Lei dos Sexagenários (1885);
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Lei Áurea (1888) – sancionada pela Princesa Isabel, filha do monarca.
Na data de 15 de novembro de 1889, houve a Proclamação da República realizada pelo Duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva.
A família imperial foi então intimada a deixar o país e Dom Pedro II retornou para Portugal com seus entes queridos.
Logo, 66 anos depois, este icônico personagem viria a morrer em Paris, na França, em 5 de dezembro de 1891.
Conforme os relatos, ele viveu seus últimos dias de forma bastante modesta, reconhecido como um patrono das artes, ciências e cultura por grandes nomes do meio científico internacional.
“O desgaste da monarquia, a doença e o afastamento do imperador dos negócios do Estado, a propaganda republicana e a crescente insatisfação do Exército aprofundaram a crise do Segundo Reinado”, explica o conteúdo divulgado pela Memória da Administração Pública Brasileira.