Conheça a história por trás da mudança do traje preto do Homem-Aranha no Brasil
O traje preto do Homem-Aranha sofreu alterações no Brasil para ajeitar a cronologia.
Durante o evento Playstation Showcase, foi apresentada uma extensa demonstração da trama e da jogabilidade de “Homem-Aranha 2“, um título exclusivo para o PlayStation 5 com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano.
Uma das revelações mais empolgantes foi a possibilidade de jogar uma parte da aventura com Peter Parker vestindo o icônico simbionte que caracterizou a famosa “Era do Uniforme Negro”. Essa novidade despertou uma curiosidade interessante relacionada à história das publicações da Marvel Entertainment Comics no Brasil.
Os fãs mais antigos certamente se lembram dos episódios em que as editoras, especialmente a Editora Abril, realizavam alterações no material original da Marvel Comics no passado.
Essas mudanças eram feitas como uma forma de adaptar as tramas de diversos títulos lançados nos Estados Unidos para o formato de gibis “formatinhos” disponíveis nas bancas brasileiras. Era uma espécie de “jeitinho brasileiro” para garantir que as histórias fizessem sentido dentro do contexto limitado das publicações locais.
Até hoje, as publicações da Marvel e da DC chegam compiladas em volumes que seguem uma linha cronológica coerente. No entanto, isso implica deixar de publicar algumas partes do material original, já que nem tudo pode ser trazido exatamente da mesma forma que é lançado no exterior.
Os leitores brasileiros não têm o hábito de consumir os quadrinhos em formato fasciculado, e o modelo de negócio que resume sagas e arcos de diferentes personagens em uma única edição é mais viável.
Dessa forma, é possível acompanhar as histórias importantes e os personagens em destaque da Marvel e da DC sem precisar ler absolutamente tudo ou gastar muito dinheiro.
Atualmente, a Panini Comics é responsável por essa edição equilibrada, compilando as obras originais em revistas com mais páginas. No entanto, há um atraso de alguns meses em relação aos lançamentos internacionais.
Na década de 1980, sem internet, sem recursos avançados de tecnologia e com limitações no mercado, a tarefa de manter os leitores atualizados sobre os principais arcos, personagens e sagas era muito mais desafiadora.
Além disso, a quantidade limitada de páginas, em um formato menor do que o original, dificultava a inclusão de tudo de acordo com a cronologia de lançamentos nos Estados Unidos.
Um exemplo interessante dessa adaptação no mercado brasileiro aconteceu durante a publicação da saga “Guerras Secretas”, em 1985.
Esse evento foi encomendado como parte de uma ação promocional de merchandising entre a Marvel e uma empresa de brinquedos, que exigia sincronia com o lançamento nos Estados Unidos para que os brinquedos pudessem ser comercializados simultaneamente.
Para adaptar “Guerras Secretas” às publicações brasileiras, a Editora Abril teve que fazer ajustes significativos. Personagens, diálogos e sequências de ação inteiras foram omitidos, e o uniforme do Homem-Aranha chegou a ser pintado de preto ou mantido em suas cores originais, dependendo da publicação e da fase retratada quando impressa no Brasil.
Somente anos depois, quando o material original passou a ser publicado no tamanho original e revisado, os leitores puderam ter acesso ao conteúdo que havia sido alterado. Para muitos fãs veteranos, foi até mesmo divertido descobrir o que havia sido “cortado” durante esse processo limitado de adaptação.
Com o tempo, diversos leitores, fãs e pesquisadores começaram a compartilhar na internet e em livros suas descobertas e comparações entre o material original e o que chegava aos brasileiros nos formatinhos da Editora Abril, da Ebal e de outras empresas.
É importante destacar que, apesar de as modificações terem comprometido em certa medida o conteúdo original, essas empresas se esforçavam para trazer uma quantidade significativa de histórias de forma compreensível e a preços acessíveis.