Mistério genético: híbrido de cachorro com graxaim é encontrado no RS

Pesquisadores no Rio Grande do Sul desvendam um mistério genético ao identificar um híbrido entre cachorro e graxaim, apelidado carinhosamente de 'grachorra'.

Um encontro inesperado nas vastas extensões do Rio Grande do Sul revelou uma descoberta que desafia as fronteiras entre o doméstico e o selvagem. Há dois anos, uma criatura que parecia uma pequena raposa foi resgatada após um acidente em uma estrada vicinal de Vacaria.

A patrulha ambiental que a encontrou encaminhou-a ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde foi inicialmente identificada como um graxaim-do-campo, um canídeo carnívoro nativo da região.

No entanto, algo inusitado ocorreu quando o animal começou a latir, uma característica não associada aos graxains.

A ‘grachorra’ encontrada no Rio Grande do Sul

Imagem: UFRGS/Reprodução

A intrigante pelagem quase preta da fêmea resgatada era outro indício de que ela era diferente. Enquanto a equipe veterinária do hospital debatia sua verdadeira identidade, a fêmea mostrou relutância em consumir ração, preferindo pequenos roedores. Este comportamento, somado à sua pelagem distinta, levou a uma investigação genética.

Thales Renato Ochotorena de Freitas, geneticista da UFRGS, assumiu a tarefa de desvendar o mistério. Os testes genéticos revelaram que a fêmea era um híbrido, agora carinhosamente chamado de “grachorra” pela equipe do laboratório.

A combinação genética do animal era uma fusão entre um graxaim e um cachorro de raça não definida, algo nunca antes registrado na ciência. Os cromossomos da “grachorra” eram um conjunto misto, com 39 herdados do cachorro e 37 do graxaim, um testemunho de sua herança híbrida.

Este cruzamento inusitado lança uma luz sobre as complexas interações entre animais domésticos e selvagens, e como isso pode impactar os ecossistemas locais.

A mistura genética entre um cachorro, uma espécie invasora, e um graxaim, um animal nativo, representa uma ameaça potencial para a vida selvagem local. O estudo deste caso único, publicado na revista Animals, é um marco, sendo o primeiro registro conhecido de hibridização entre essas duas espécies canídeas distintas.

Após a recuperação, a “garça” foi encaminhada para um zoológico, o Mantenedouro São Braz, em Santa Maria, onde, infelizmente, veio a falecer este ano.

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