Esqueleto de menino reforça teoria sobre relações sexuais entre humanos e neandertais
Menino de Lapedo surpreende cientistas com suas características físicas.
Os estudos sobre a origem da raça humana e de seus ancestrais estão sempre entre as pautas dos cientistas. Descobertas por meio da Arqueologia ajudam os estudiosos a compreenderem de onde viemos, sendo algumas revolucionárias.
Uma das evidências encontradas e capazes de reforçar uma teoria foi um esqueleto infantil. A ossada do Menino de Lapedo, um garoto de aproximadamente 4 anos, foi encontrada em 1998, no vale do Lapedo, uma região de Portugal localizada a 150 km de Lisboa.
De acordo com o estudo, o corpo foi enterrado naquele local há cerca de 29 mil anos.
Humanos e neandertais
Além de ser uma descoberta importante por sua idade, o esqueleto impressionou pelas características. O arqueólogo João Zilhão, que liderou a equipe de cientistas, falou sobre os detalhes da ossada em entrevista à BBC.
“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas quando expusemos o esqueleto completo […], vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal.“
A ossada encontrada trouxe à tona uma grande evidência sobre a junção da espécie humana com os neandertais. Zilhão afirmou que:
“A única coisa que poderia explicar essa combinação de características é que a criança era, de fato, evidência de que os neandertais e os humanos modernos se cruzaram.“
Nova hipótese
Com a descoberta em 1998, os cientistas passaram a trabalhar com duas hipóteses, sendo uma delas totalmente contrária ao que era pensado até então.
Anteriormente, os teóricos da evolução humana olhavam a espécie humana e a neandertal como completamente distintas, sem possibilidade de cruzamento.
Porém, a nova ideia sugere que a criança não resultou apenas de um cruzamento entre humano e neandertal, mas que isso era algo recorrente entre as duas espécies, que mantinham relações sexuais entre si.
Por fim, João Zilhão comentou sobre as características do Menino de Lapedo se assemelhar a muitos humanos que vivem na mesma região que sua comunidade viveu.
“Se tantos milênios após o tempo de contato, as pessoas que vivem nesta parte do mundo ainda apresentam evidências anatômicas dessa população ancestral de neandertais, deve ser porque o cruzamento não aconteceu apenas uma vez, foi a norma.”