Mauricio de Sousa é candidato à Academia Brasileira de Letras
Este ano, a Mônica celebra o seu sessentenário.
No dia 27 de abril, a Academia Brasileira de Letras vai se reunir para eleger quem ocupará a cadeira 8, que pertencia à professora e especialista em literatura portuguesa Cleonice Berardinelli. Assim, o quadrinista Mauricio de Sousa enviou uma carta expressando seu interesse em se juntar à instituição.
Na sua carta, Mauricio dá ênfase à importância de cultivar hábitos de leitura na infância e o papel fundamental do seu trabalho nesse processo no Brasil. Confira um trecho da carta enviada à academia:
“Penso que nossa função, como autores, é criar novos leitores.
A ABL é o centro de valorização, não apenas do autor brasileiro, mas do leitor. Sem leitor não há a mágica da literatura. E para se conquistar o leitor, a melhor época é a infância. E este o será para sempre. A Turma da Mônica hoje está em todas as plataformas de comunicação, para não deixar escapar a conexão que o futuro cobrará de todos. Posso dar esta contribuição para que o trabalho da ABL pelo estímulo à leitura por meio de seus imortais seja mais e mais reconhecido, aproximando os leitores dos nossos clássicos também por meio dos quadrinhos.”
Outro candidato à 8ª cadeira da ABL, que está na disputa pela vaga, é o filósofo Ricardo Cavaliere, autor de “Entre Laços Entre Textos” e “Gramática no Brasil”.
Mauricio de Sousa antes de ‘Mônica’
Por ano, os quadrinhos da “Turma da Mônica” vendem aproximadamente 12 milhões de cópias. Em 2023, a Mônica comemora 60 anos desde que Mauricio de Sousa apresentou a personagem ao público. Mas, para chegar aqui, não foi fácil.
Celebração também é um momento de relembrar trajetórias. Recentemente, em entrevista ao programa “Altas Horas”, o quadrinista contou sobre suas primeiras tentativas no mundo dos quadrinhos e os percalços desse caminho.
Quando ainda era pequeno, Mauricio já gostava de desenhar e sonhava em criar personagens e contar histórias. Na fase adulta, no seu trabalho como redator em um jornal de São Paulo, ele tentou uma entrevista com o diretor de arte, mas não foi um encontro feliz. Ele conta:
“Mostrei meus desenhos pra ele e, depois de examinar sem muita vontade, falou: ‘Menino, desista. Desenho não dá futuro, não dá dinheiro. Vai fazer outra coisa da vida’. Aquele grande desenhista e artista fala isso pra mim? Caiu o chão dos meus pés.”
Assim que saiu desse encontro, um outro colega de redação de Mauricio tentou encorajá-lo, sugerindo que ele continuasse a praticar e mostrasse seus melhores trabalhos para o redator-chefe. Um tempo depois, ele conseguiu trabalhar com pautas de reportagem policial e o sonho de quadrinista ficou no esquecimento.
Até que ele se lembrou do seu propósito, e assim nasceram Bidu e Franjinha. E o resto é história. O alcance da turminha foi tamanho que uma edição chegou à marca do “maior gibi do mundo” pelo Guinness World Records.
Conta aí pra gente, qual é o seu personagem favorito da turminha de Mauricio de Sousa?