Fim das ilusões? Europa adora medida drástica contra filtros de beleza na internet

Apesar de alguns apoiarem a medida, uma professora universitária ressalta que, em determinados casos, estabelecer uma lei sobre esse assunto poderia ser uma forma censura.

Não é de hoje que existe uma preocupação em relação ao uso de filtros de beleza nas redes sociais. Essa prática tem sido observada cada vez mais nas plataformas, principalmente nos últimos anos.

No entanto, o que parece ser algo inofensivo, aplicado em fotos e vídeos a fim de “consertar” algumas imperfeições na aparência, pode acabar gerando um enorme problema na forma como a beleza e a imagem corporal são vistas pelas pessoas.

Segundo especialistas, um dos principais problemas trazidos com a criação e utilização excessiva dos novos filtros de beleza é a fuga da realidade.

No momento em que os filtros conseguem deixar as imperfeições mais discretas, rostos mais finos e lábios mais carnudos, uma imagem falsa passa a ser criada e, em seguida, disponibilizada na internet.

Por conseguinte, quando tais imagens são vistas por outras pessoas, um sentimento de insatisfação com o próprio corpo passa a ser estabelecido no indivíduo, fazendo-o acreditar que seu corpo é inadequado, já que não segue os “padrões estéticos” diariamente vistos nas redes sociais e em mídias no geral.

Foto: Sallve/Reprodução

Censura ou tentativa de frear ilusões?

Diante de uma situação crítica de ampla repercussão, na qual inúmeras pessoas têm sido afetadas, surgiram iniciativas em vários países europeus com o intuito de combater a permanência desse cenário e reduzir os efeitos que podem levam muitos à depressão.

Nesse contexto, as medidas legislativas começam a ser adotadas visando à redução do uso de filtros de beleza nas plataformas digitais. A França, em particular, surge como um exemplo nessa questão, tendo elaborado um projeto de lei específico cujo foco é a abordagem desse tema.

Conforme essa legislação, os influenciadores digitais podem se ver obrigados a arcar com uma multa de aproximadamente 300 mil euros (valor que corresponde a cerca de R$ 1,6 milhão no câmbio atual) caso utilizem imagens e vídeos retocados nas redes sociais.

Caso o indivíduo não disponha de recursos para realizar o pagamento, outra consequência imposta é a necessidade de cumprir uma pena de seis meses em regime de encarceramento.

Em outros países, como a Alemanha, embora ainda não tenha sido aplicada uma lei específica, já se observam os primeiros passos no sentido de restringir o uso dos filtros nas redes sociais.

Em uma entrevista feita pela Deutsche Welle, a professora universitária Katja Gunkel expressou sua opinião sobre a implementação de uma regulamentação nesse âmbito.

Leia um trecho mencionado por Gunkel:

“Estamos falando apenas do setor comercial aqui. Não seria possível usar [a legislação] para selfies na esfera privada. Como isso deve funcionar? Quem vai controlar isso? Eu chamaria isso de censura.”

E você, o que pensa sobre essa questão?

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