Indiana Jones é um herói? Veja como os filmes provam o contrário
O aventureiro sempre é visto envolvido em alguma confusão e em busca de algum artefato histórico. Mas o personagem é, de fato, um herói?
Entre os ícones do cinema, certamente Indiana Jones possui um lugar muito bem reservado na memória dos fãs e tem o carinho da indústria. Sendo uma das obras mais populares dentro de toda a cultura pop, Indiana é o famoso arqueólogo com saídas dignas do cinema e que tiram o fôlego dos que assistem. O aventureiro está, ao longo de seus quatro filmes, sempre envolvido em alguma confusão e em busca de algum artefato histórico. Contudo, o personagem é um herói ou não?
Analisando de maneira mais fria os passos que Indiana toma, seus filmes deixam essa dúvida bem clara em relação ao personagem que não é, nem de longe, um herói. Suas camadas o tornam mais complexo do que apenas o mocinho.
Em todos os filmes, o arqueólogo apresenta um desempenho extremamente pessoal e com algumas informações de ações que fogem da moralidade-padrão. Se analisarmos os eventos de “Caçadores da Arca Perdida”, podemos notar que Jones não faz nada ativamente para mudar o cenário em que está inserido. Dadas as informações dentro do longa, ele poderia ter evitado a Segunda Guerra Mundial, mas suas motivações estavam resumidas em preservar seu status quo.
Desde o início, somos apresentados ao fato de que Indiana está recuperando a arca para os EUA, impedindo que os alemães consigam o artefato. No final, tem-se os norte-americanos recuperando a Arca da Aliança. Nesse ínterim, ainda que exista um conflito em relação ao objeto ser confiscado, o personagem faz pouco em relação a essa história para o mundo.
Em sua continuação, que narra os eventos antes da busca pela Arca da Aliança, Jones se envolve em uma aventura difícil em “O Templo da Perdição”, onde fica mais claro que ele não é de fato um herói como deveria ser. Tendo a companhia de Short Round e Willie, é apresentado que Jones possui pouca responsabilidade com seus companheiros.
Além de levar uma criança em uma viagem internacional para acompanhar em uma investigação sobre um culto que rouba crianças, o longa ainda mostra que Jones não possui consideração com a segurança do menino. Willie também sofre com a personalidade do aventureiro, sendo diversas vezes repreendida. Aqui, temos um vislumbre melhor de suas características pessoais.
No terceiro filme da franquia, existem menos problemas que os demais longas, afinal esse parece ser o mais coeso dentro de sua própria história. Aqui, Indiana é levado a buscar o Santo Graal e a encontrar seu pai, que desapareceu na mesma missão.
Ainda que a trama apresente Jones em busca de seu pai, o próprio comenta que o filho possui ações tolas, porque sua real motivação é sua necessidade de provar seu valor, ou seja, um sentimento egoísta. Ao ter que trabalhar com os vilões, a moralidade do personagem é coloca como ambígua, afinal, com isso, ele arriscou todo o mundo por conta de seus sentimentos egoístas.
O quarto filme é o mais controverso, pois, além de não possuir popularidade em nenhuma esfera, ele revisita elementos da personalidade de Indiana. Aqui, o personagem é apresentado a seu filho que, por grande parte da trama, faz pouco caso com sua segurança e relações. A forma como lida com a família e o relacionamento que teve com Marion Ravenwood mostram que a moralidade do arqueólogo é bem maleável.
Indiana Jones não é um personagem de características ruins; suas soluções e seus resultados trouxeram impactos profundos e muito satisfatórios para os envolvidos em suas aventuras. A tonalidade acinzentada de suas ações o torna uma figura ainda mais complexa e real. Dessa forma, o esperado para a quinta continuação é que esses elementos sejam revisitados e trabalhados da maneira correta.
Todas as camadas apresentadas na franquia podem ser trabalhadas de modo que o protagonista reconheça suas ações e possa expressar o que tem de verdade com seus companheiros.