Gênios ocultos: empresa busca brasileiros que podem não saber que têm alto QI

Conheça os desafios para a identificação e o desenvolvimento de talentos excepcionais no contexto da realidade brasileira.

Em uma manhã nublada de sábado, no interior de São Paulo, um grupo de pessoas se reuniu no Parque Tecnológico São José dos Campos movidos por uma antiga desconfiança: seriam eles superdotados?

Entre eles esteve o universitário Rafael Rocha, que se destacou na alfabetização precoce e sempre demonstrou facilidade nos estudos. Ele foi uma das três pessoas que realizaram um teste de QI com a organização Mensa Brasil, a qual reúne superdotados ao redor do mundo.

“Sempre soube fazer [a forma dos] os números, e eles [professores da escola] fazem você repetir várias vezes. Nem me lembro quando comecei a aprender a escrever, porque já sabia com 5 anos.”

Afirma Rafael, de 21 anos, que estuda Ciência de Dados.

Sobre a Mensa Brasil

A Mensa Brasil, braço local da Mensa Internacional, foi fundada em 1946, no Reino Unido, e busca associar indivíduos com um QI acima de 130 pontos, enquanto a média no Brasil é de pouco mais de 83, segundo pesquisadores.

Rafael Moreira, de 35 anos, também fez o teste após uma avaliação neuropsicológica, que indicou que ele possuía um nível elevado de QI.

Foto: BB/Reprodução

Nesse contexto, surgem questões sobre a possibilidade de sua falta de concentração ser resultado de uma superdotação, e não de um transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), como inicialmente pensado.

A definição de superdotação não é consensual, mas a expressão ganhou popularidade ao identificar indivíduos com inteligência muito acima da média.

No entanto, especialistas argumentam que o QI, que mede o raciocínio lógico, pode não ser a única ou melhor medida para identificar pessoas altamente inteligentes. Por isso, alguns preferem o termo altas habilidades, abrangendo diferentes áreas, como artes, comunicação e esportes.

Quantas pessoas no mundo são superdotadas?

As estimativas sobre o número de superdotados variam amplamente. A Mensa trabalha com a ideia de que 2% da população mundial tem alto QI, o que corresponderia a cerca de 4 milhões de brasileiros.

No entanto, até o momento, apenas 2,6 mil foram identificados pela organização, o que levanta a questão de uma potência intelectual adormecida no país.

Comparando dados com outros países, o Brasil parece subestimar o número de superdotados. Enquanto o Censo Escolar identificou 26.815 alunos com altas habilidades, outros países, como China, Estados Unidos e México, apresentam números mais expressivos.

Na busca por um melhor entendimento e identificação, a Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação (Apahsd) utiliza avaliações mais amplas, que incluem a análise de especialistas em diversas áreas.

Mistério sobre superdotados brasileiros persiste

Embora o mistério persista, a busca por compreender e desenvolver o potencial dos superdotados é um desafio essencial para aproveitar plenamente o talento presente em cada indivíduo.

Enquanto a ciência avança, o Brasil pode se surpreender com o tesouro intelectual escondido entre sua população. Para a Mensa e outros entusiastas, cada teste, cada descoberta pode abrir as portas para uma nova perspectiva sobre a inteligência humana e suas infinitas possibilidades.

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