Games por hora: a polêmica que divide a indústria
Cobrados por hora, quanto custariam os jogos? Reflexão sobre precificação dos games gera debates.
O mundo dos jogos eletrônicos é um ecossistema em constante evolução, mas uma questão permanece como um tema quente e controverso na comunidade gamer: a forma como os jogos são precificados.
Recentemente, a Take-Two, empresa responsável por gigantes como a Rockstar Games e o tão aguardado ‘GTA 6’, trouxe à tona essa discussão durante uma reunião sobre relatório financeiro.
O CEO, Strauss Zelnick, abordou o delicado equilíbrio entre a precificação e a atratividade ao consumidor, lançando luz sobre uma possível conexão entre a quantidade de horas de jogo e seu valor.
Pagar por hora para jogar?
A polêmica surge em meio a uma abordagem que considera a relação entre o tempo de entretenimento oferecido e o preço do jogo.
Embora Zelnick não tenha proposto a cobrança por hora de jogo, ele destacou que os games oferecem muitas horas de engajamento por um preço relativamente baixo em comparação com outras formas de entretenimento.
Se os jogos fossem precificados pela quantidade de horas de jogo, o valor extrapolaria os padrões vigentes. Em parceria com o Vida Extra, realizou-se uma análise para calcular quanto custariam os jogos se considerássemos uma precificação por hora de entretenimento.
Utilizamos plataformas de cálculos aprimorados, como o ‘How Long to Beat’, para estimar as médias de tempo necessárias para completar os jogos. Assim, foi possível chegar a valores aproximados para os títulos da Rockstar.
Os resultados revelaram uma perspectiva interessante: mesmo considerando um custo menor por hora, os valores finais sugerem uma precificação desproporcional se os jogos fossem avaliados pela quantidade de horas de entretenimento oferecidas.
‘GTA V’, por exemplo, apresentaria um custo de R$ 310 para sua campanha de 31 horas, enquanto alcançar 100% do jogo custaria aproximadamente R$ 830. Isso evidencia a complexidade dessa precificação.
Imagem: Rockstar Games/Reprodução
Esta análise suscita questões mais amplas sobre a estabilidade dos preços dos jogos, especialmente em um contexto de aumento dos custos de desenvolvimento.
É importante frisar que o custo de produção nem sempre se alinha diretamente com a qualidade do jogo ou com o tempo de jogo oferecido.
A verdadeira essência de uma experiência de jogo de qualidade não reside apenas na quantidade de horas de entretenimento oferecidas, mas na qualidade do enredo, na jogabilidade e na capacidade de envolver os jogadores de maneira significativa.
No final das contas, a decisão final sobre a aceitação ou não dos valores estipulados permanece nas mãos dos consumidores.
É fundamental que a indústria de jogos continue a avaliar e reavaliar suas estratégias de precificação, levando em consideração não apenas os custos de produção, mas também a satisfação do consumidor e a equidade no acesso ao entretenimento digital.