França adota políticas para acabar com uso de embalagens plásticas em alimentos
A política mira na redução gradual de embalagens de uso único, diminuindo a geração de lixo.
Desde 2020, o governo francês vem adotando medidas para abandonar de vez o uso de embalagens plásticas em alimentos e brinquedos infantis de brinde, além da compra de qualquer tipo de plástico descartável no país. Esse plano para uma economia mais sustentável é chamado de lei antirresíduos.
A lei antirresíduos foca nos materiais usados pelos clientes que consomem nos restaurantes. Aqueles que utilizam a opção delivery ou comida para a viagem continuam recebendo embalagens descartáveis. Segundo a declaração do ministro do Meio Ambiente da França, Christophe Bechu:
“O fim dos talheres e pratos de utilização única é mais um passo na luta contra o desperdício desnecessário […] É uma medida concreta que fará com que os franceses recordem a importância do meio ambiente em sua vida cotidiana.”
De acordo com ONGs especializadas, o ramo dos fast-foods é um dos maiores produtores de lixo do país. Com mais de 30 mil pontos de venda na França, esse segmento serve mais de 6 bilhões de refeições ao ano, o que gera cerca de 180 mil toneladas de lixo.
Para os restaurantes de fast-food, a adaptação à nova lei tem sido desafiadora. O governo estabeleceu o prazo de dois anos para que os estabelecimentos fizessem as adaptações necessárias segundo as demandas da lei antirresíduos.
A expectativa da Agência Francesa de Meio Ambiente e Gestão de Energia (Ademe) é que a redução do uso de embalagens plásticas em alimentos contribua para que cerca de 130.000 toneladas de resíduos sólidos sejam poupadas.
Adaptações
Redes como o McDonald’s tem apostado em louças de borracha vermelha para servir as batatas fritas, por exemplo. No entanto, a implantação das novas embalagens reutilizáveis tem sido desafiadora.
O principal problema é que os clientes estão levando as embalagens laváveis para casa ou jogando-as no lixo. Isso gera a demanda por reposição frequente, o que torna a medida custosa e contra produtiva.
Outro desafio está no treinamento dos colaboradores e nos novos equipamentos para a manutenção das embalagens reutilizáveis. De acordo com uma estimativa do Financial Times, os custos adicionais dessas mudanças podem chegar a até 15 mil euros (cerca de R$ 83 mil) por loja.
Os dois lados do uso de embalagens plásticas em alimentos
A proibição gradual do uso de embalagens plásticas em alimentos representa um passo em direção ao fim definitivo do plástico descartável. Segundo a lei antirresíduos, a meta é extinguir o uso de descartáveis até 2040.
Apesar de ser focada no território francês, a Comissão Europeia observa, caso a iniciativa seja bem-sucedida, a possibilidade de aplicar a medida nos demais territórios da União Europeia.
Ao passo que várias frentes têm abraçado essa iniciativa, ela também enfrenta críticas e resistências. Para a European Paper Packaging Alliance (EPPA), associação que reúne os fabricantes de embalagens de papel no continente, a medida é prejudicial ao meio ambiente.
Estudos realizados pela associação apontam que a quantidade de água e energia empregada nos produtos reutilizáveis implica num aumento de 280% das emissões de carbono. As embalagens de papel, por outro lado, tem uma taxa de reciclagem que passa de 80%.