França condena a representação de suas tropas em ‘Wakanda Forever’; entenda
O assunto é sensível para o país, que acabou de retirar suas tropas de Mali.
[Atenção: este texto contém spoilers!]
Depois do sucesso de “Pantera Negra”, as expectativas do público para o lançamento de “Wakanda Forever” eram altas. Qual seria a nova página da história do povo wakandano? Quais as repercussões da abertura dessa nação para o mundo? O que seria da sequência sem a presença de Chadwick Boseman?
Começaremos pela última pergunta. Sem dúvidas, Boseman eternizou e impactou a história da Marvel com sua atuação. Jamais será substituído, e o impacto de sua memória perpassa toda a sequência.
Agora, sobre as duas perguntas anteriores, a repercussão foi tamanha que extrapolou a quarta parede. Um dos desafios do longa é o interesse das nações estrangeiras no vibrânio, sobretudo pelo seu potencial bélico. Algo que Wakanda quer prevenir a todo custo, portanto, não flexibiliza a venda do material.
Mas isso não impede o interesse de outros países, que tentam outras formas de encontrar essa matéria-prima. Logo na primeira parte de “Wakanda Forever”, em uma Assembleia das Nações Unidas (ONU), a rainha Ramonda denuncia a tentativa de mercenários franceses de capturar vibrânio num posto de pesquisa em Mali.
Essa representação foi considerada uma ofensa e foi fortemente condenada pelo Ministro de Defesa da França, Sebastien Lecornu. Ele relatou em um tweet que o filme compara as forças armadas francesas a mercenários.
O que ‘Wakanda Forever’ tem a ver com a realidade?
A relação entre os mercenários e as tropas francesas que o ministro se refere acontece por causa do figurino dos personagens. O uniforme utilizado em “Wakanda Forever” se parece muito com os que são usados pelas tropas francesas que estão na região africana de Sahel.
O assunto é sensível na França, que acabou de retirar suas tropas de Mali no ano passado, depois de nove anos lutando contra extremistas islâmicos junto com as tropas locais. Lecornu acrescentou: “Estávamos pensando em homenagear os 58 soldados franceses que morreram defendendo Mali, enfrentando grupos islâmicos terroristas”.
Recentemente, a França anunciou a retirada de suas tropas de Burkina Faso, de acordo com o pedido dos governantes militares dos países ocidentais da África. Cerca de 3 mil soldados franceses permanecem na região de Sahel, na Nigéria e Chade.