Dorminhocos: fórmula para dormir bem pode estar em moscas e ratos
Pesquisadores apontam que o segredo para humanos dormirem bem pode estar no comportamento desses animais.
Na sociedade moderna, dormir tem sido uma questão para muitas pessoas. Só no Brasil, segundo a Fundação Oswaldo Cruz, 72% da população tem alguma doença ligada ao sono, entre elas a insônia.
Em busca de entender como ajudar nessa grande questão, um grupo de cientistas da Harvard Medical School publicou recentemente um estudo que revela qual o segredo do sono em ratos e moscas, o que pode auxiliar os humanos na busca do sono ideal. A pesquisa foi divulgada na revista especializada Cell.
Dieta e nutrientes
De acordo com a publicação, ratos e moscas têm facilidade para terem sonos revigorantes graças a uma alimentação rica em proteínas.
A definição desse nutriente, segundo o Portal Genoma, mostra o quão importante é a sua atuação no organismo.
“(As proteínas atuam) para a maioria dos trabalhos que as células realizam e são necessárias para manter a estrutura, função e regulação dos tecidos e órgãos do corpo.”
De acordo com os pesquisadores, o alto nível de consumo desse nutriente traz relaxamento para os animais em questão.
Iris Titos, neurocientista do grupo, explica qual era o principal objetivo do estudo.
“(A equipe queria) entender como nos desconectamos de todas as informações sensoriais quando estamos dormindo.“
Influência dos genes
Entre os objetos do estudo, os cientistas focaram os genes dos animais. No caso das moscas, localizaram os neurotransmissores que influenciam os seus comportamentos, tornando-as hiperativas ou hipoativas.
O neuropeptídeo CCHa1 foi identificado como o principal componente nesse tipo de comportamento, sendo sintetizado no cérebro e também no intestino.
Os pesquisadores retiraram o CCHa1 do intestino das moscas, o que revelou uma capacidade de aumento na excitação do inseto.
Com isso, o estudo identificou que a proteína é capaz de potencializar os níveis do neuropeptídeo, que, por sua vez, é responsável por diminuir intercorrências que atrapalhem o sono das moscas.
Nos testes com os camundongos, também foi percebido que a presença maior de proteínas no organismo trouxe menor facilidade de acordar após serem expostos a vibrações mecânicas.
Ainda falta estudiosos entenderem se os ratos funcionam da mesma forma que as moscas, ou seja, através do CCHa1.
A pesquisadora Dragana Rogulja, líder do estudo, pontuou que as situações são parecidas.
“(Nos ratos trata-se de) um fenômeno semelhante ao das moscas, mas ainda não sabemos se são as mesmas moléculas.”