Descoberta da UFRJ sobre anéis em planetoide coloca em cheque antiga teoria
Descoberta de anéis no planetoide Quaoar no sistema solar coloca em cheque uma teoria estabelecida no século XIX: O Limite de Roche.
Nos últimos meses, muitas descobertas envolvendo o universo estão sendo feitas, várias delas graças ao avanços tecnológicos que permitem uma melhor visualização de astros distantes do nosso planeta. Ao contrário do que muitos pensam, grande parte delas ocorrem no nosso próprio sistema solar.
Isso acontece porque, mesmo devido à proximidade, ainda há uma dificuldade de identificar alguns elementos por conta de seu tamanho, que, em dimensões relativas ao universo, costumam ficar pequenos e isso dificulta sua observação por parte dos pesquisadores. Um exemplo disso são as 12 luas recém-descobertas no gigante Júpiter.
Devido à massividade do astro em questão, a identificação de pequenos objetos ao seu redor é muito complicada. Isso a não ser que estejamos buscando especificamente aquilo ou em um “acidente”, como foi a identificação das luas, é muito difícil encontrá-los.
A mais recente descoberta feita por um brasileiro foi publicada pela revista digital Nature no dia 8 de fevereiro. A descoberta foi liderada pelo professor Bruno Morgado, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Descoberta no sistema solar
A descoberta foi realizada graças a um telescópio montado na cidade de La Palma, território da Espanha.
O corpo celeste Quaoar já estava sendo observado há algum tempo por outras equipes de cientistas. Isso porque, tal como Plutão, este planetoide pertence ao cinturão de Kuiper, onde alguns corpos com possíveis características planetárias residem.
No entanto, foi somente quando Quaoar postou-se na visão do telescópio montado em La Palma, território da Espanha, que foi possível identificar que o planetoide possui um anel em sua órbita. Tal como o gigante planeta Saturno, é comum para corpos celestes possuírem anéis, inclusive a própria Terra por um tempo teve um.
Contudo o que chamou a atenção dos cientistas foi a distância entre os anéis e Quaoar, pois segundo o Limite de Roche, aquele anel não deveria mais estar presente na órbita do planetoide.
Este limite determina o quão perto um objeto pode estar da gravidade de um planeta sem ser despedaçado pelo mesmo. A imagem abaixo exemplifica como funciona o efeito:
Posto isso, o Limite de Roche determina a distância em que os objetos presentes na órbita de um corpo celeste serão uma lua ou um anel. Contudo, o anel de Quaoar está numa distância em que os pedaços já deveriam ter se juntado em uma nova lua.
De acordo com uma entrevista do cientista Bruno Morgado para o The New York Times, o anel pode ter resistido à acumulação por conta da lua Weywot, a qual, em teoria, pode ter causado distúrbios que impedem a formação de uma nova lua pelas rochas.
Além do professor brasileiro que lidera o estudo, estão também presentes outros cientistas na descoberta, os quais são referenciados na publicação da Nature.