CUIDADO: tempero da sua comida pode conter fragmentos de inseto

Estudo feito pelo Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, revela adulterações e presença de elementos estranhos em produtos.

Os temperos que você usa na comida podem conter pedaços de insetos. Isso mesmo, a probabilidade disso acontecer é alta, especialmente se você os adquiriu em São Paulo, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL).

O levantamento comprovou a presença de ingredientes não relacionados e, também, de fragmentos de insetos em vários tipos de temperos. Tal situação, segundo a legislação, configura crime de fraude e falha nas boas práticas de produção.

Os temperos analisados pelo Instituto foram cúrcuma, colorífico, noz-moscada e páprica. Todas as amostras foram recolhidas em cidades paulistas, e os resultados surpreenderam os pesquisadores.

Resultado da análise das amostras

Cuidado com o tempero que você usa na comida, pois ele pode conter insetos, segundo pesquisa – Foto: Internet/Reprodução

Na cúrcuma e na noz-moscada, os ingredientes mais encontrados foram milho e amido de milho. Na páprica observou-se também o mesmo padrão de adulteração.

Para o diretor de assuntos científicos e regulatórios da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), Alexandre Novachi, esse tipo de situação é suficiente para configurar a mudança de classificação do produto.

“Um orégano que possui outros tipos de folhas não pode ser vendido como orégano, e sim como condimento à base de orégano. O consumidor tem direito de saber o que está comprando. Uma canela que contém 30% de amido não pode ser considerada canela”, diz ele.

Presença de insetos

A situação, porém, agrava-se ainda mais quando se trata da presença de elementos estranhos, como fragmentos de insetos. Foram encontrados em 81% das amostras de cúrcuma e em 93% das de noz-moscada.

No caso da cúrcuma, foram identificados 380 fragmentos, mais que o dobro do permitido. Vale mencionar que, embora sejam elementos estranhos, a regra estipula um certo limite de permissão, o qual é constantemente ultrapassado.

Na noz-moscada, o tolerado é até 80 fragmentos para cada 10g, mas isso depende do tipo de inseto, já que, no caso de baratas e formigas, pode gerar riscos à saúde. Esse limite é estipulado pela RDC, que é um conjunto de leis criado no Brasil em 2012 e atualizado em 2022.

Se os insetos encontrados no produto forem vetores de doenças, a exemplo das baratas, o tempero pode ser caracterizado como impróprio para consumo.

A maior parte identificada nas amostras, contudo, são pragas do campo que, dentro do limite, não oferecem riscos.

Adulterações encontradas

Em relação às adulterações, 30% das amostras de páprica foram consideradas irregulares: 85% delas continham amido de milho e 46% estavam com urucum e milho.

No caso da cúrcuma, 81% apresentavam fragmentos de inseto e 30,3% possuíam vegetais não informados.

Na noz-moscada, 10% apresentavam elementos não relacionados na descrição do produto, enquanto 11 amostras tinham uma quantidade de insetos acima da permitida. O único produto sem adulteração foi o colorífico, o qual continha bastante corante bixina.

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