Crise nos animes: pesquisa feita no Japão revela dados inéditos

Baixos salários, alta rotatividade e más condições de trabalho fazem parte da realidade dos estúdios de animes japoneses.

Apesar do sucesso e popularidade conquistados no mundo todo, a indústria do anime no Japão é alvo constante de denúncias de más condições de trabalho e salários baixos.

Para tentar entender melhor tal situação e o que acontece nos bastidores, o Instituto de Pesquisa do Japão (The Japan Research Institute) fez um estudo detalhado sobre o caso.

O relatório final se chama “A situação atual e os problemas da indústria de animação do nosso país”. Ele aponta como uma das soluções possíveis a intervenção governamental.

Dados revelam distorção

Indústria de animes no Japão é alvo de denúncias sobre más condições de trabalho – Foto: Internet/Reprodução

O documento detalha a taxa de rotatividade dos trabalhadores e questiona a legalidade dos subcontratos fechados com estúdios de animes. A grande revelação, no entanto, é sobre o lucro da indústria.

Conforme os dados, os estúdios arrecadam somente 6% dos ganhos totais de um projeto no exterior e 16% das vendas domésticas. Tais médias, por si só, já escancaram o porquê das dificuldades financeiras.

Em resumo, os estúdios ficam, praticamente, fora dos lucros obtidos pelos projetos que eles mesmos desenvolveram. Com isso, fica difícil esperar que os colaboradores sejam bem remunerados ou que não exista alta rotatividade.

Apontamentos

O relatório tem como objetivo pensar sobre como a indústria do anime funciona e os efeitos disso na realidade do trabalho.

Se ela quiser continuar avançando sem enfrentar crises, a pesquisa aponta que o ideal seria adotar sindicatos, como já existe em determinados setores dos Estados Unidos.

A simples constituição de sindicatos, somada a uma reforma dos seguros e aumento do salário, já ajudaria a reduzir, e muito, as taxas de rotatividade de profissionais.

Para tudo isso acontecer, os estúdios precisam, primeiro, ganhar uma porcentagem maior dos lucros obtidos pelos projetos.

Conforme o relatório, eles deveriam receber pelo menos 30% da propriedade IP, independentemente do tamanho da produção.

Para implementar tais sugestões, no entanto, seria importante haver certa intervenção e acompanhamento do governo.

A reforma dos seguros e o aumento do salário-mínimo são considerados tópicos complicados, mas, segundo o Instituto, a melhora da situação passa, obrigatoriamente, por eles.

Caso os executivos e chefões da indústria pretendam manter o setor em funcionamento e em constante crescimento, eles precisam abrir diálogo sobre os apontamentos feitos no relatório.

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