DNA de três pessoas é identificado em recém-nascidos no Reino Unido; entenda o caso
A técnica é usada para deter a transmissão de doenças genéticas de mãe para filho.
O avanço da tecnologia tem ajudado e muito a humanidade, especialmente quando se trata de doenças. Ferramentas já podem ser usadas para melhorar a qualidade de vida das pessoas e podem inclusive modificar geneticamente um embrião para que ele nasça sem algum problema genético que um dos pais possa carregar.
A evolução é tanta que até mesmo os genes de uma terceira pessoa podem ser atribuídos no processo de fecundação, garantindo saúde ao feto, combatendo possíveis problemas e dando origem a um bebê com DNA de três pessoas diferentes.
Parece mentira, mas o fato ocorreu recentemente no Reino Unido. Confira como isso foi possível.
Crianças nascem com DNA de três pessoas diferentes
Essa tecnologia não é exatamente nova, já que foi feita anteriormente no México, em 2016, na Ucrânia, em 2017, e na Grécia, em 2019.
Porém, dessa vez, no caso do Reino Unido, houve confirmação oficial e informações foram liberadas ao The Guardian sobre essa fertilização in vitro.
O método utilizado pela Universidade de Newcastle e pela Newcastle Fertility Center foi a terapia de substituição mitocondrial (MRT).
Nesse processo, utiliza-se um óvulo doador com o objetivo de produzir o material mitocondrial do bebê, isso impede que mães com doenças mitocondriais passem a disfunção aos seus filhos, já que o gameta feminino é responsável por suprir DNA para a fabricação de mitocôndrias, que são unidades de energia celular.
Desse modo, utilizam-se apenas dois gametas, um óvulo e um espermatozoide, assim como em qualquer processo de fertilização e reprodução.
E caso alguém se preocupe com o fato de a criança nascer com características do doador, saiba que apenas 0.1% do gene vem de quem doa, sendo assim, o fenótipo (características físicas) não se parecerá com o do doador.
O que esperar no futuro?
Essa metodologia de modificação genética recebeu aprovação no Reino Unido antes de qualquer outro lugar do mundo.
Por sua vez, o diretor-executivo da Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA), Peter Thompson, diz que o órgão garante uma fertilização segura e ética.
Ainda confirma que menos de cinco crianças nasceram com o uso dessa terapia.
“Este é um desafio em si. Será interessante saber o quão bem a técnica MRT funcionou em nível prático, se os bebês estão livres de doenças mitocondriais e se há algum risco de eles desenvolverem problemas mais tarde na vida ou, se fêmea, se seus filhos correm o risco de contrair a doença”, disse o biólogo de células-tronco não envolvido nos casos de fecundação Robin Lovell-Badge.
Embora seja seguro, são mantidos o sigilo e a privacidade dos envolvidos no procedimento. Ainda são necessários acompanhamentos para aprimorar o conhecimento e dar ainda mais confiança à terapia.