Conheça ‘Counting Sheep’, primeiro longa de José Corral

Após trabalhar por duas décadas em curtas de animação e, até mesmo, ser indicado a prêmios, José Corral estreou seu primeiro longa no último dia 13. “Fazer filmes era algo impossível para mim. Nunca pensei que poderia fazer um filme”, disse ele em uma entrevista por telefone.

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Counting Sheep conta a história de um jovem que trabalha como “faz tudo” no prédio onde mora. Ele passa o dia consertando coisas pelo prédio e aturando o mau-humor de sua senhoria. Além disso, ele tem seu sono comprometido devido às festas que duram a noite inteira. Ernesto, como é chamado, tem como hobby construir maquetes, só que, uma delas, onde há duas ovelhas, ganha vida para ajudá-lo.

Originalmente, a ideia de Counting Sheep era para um curta-metragem que Corral nunca pôr em prática.

O diretor é formado em belas artes, então, daí vem a inspiração para trabalhar com o assunto no longa, porém, ele diz que esteticamente, o filme Casanova o inspirou muito. “A cena do mar de plástico me deixou louco”, confessou Corral.

O filme inteiro se passa em um único local: o prédio onde Ernesto mora e trabalha. Segundo o diretor, isso facilitou as filmagens, embora os espaços fossem muito pequenos. O calor também atrapalhou. Ele conta que os atores, vestidos de ovelha, passaram um certo trabalho para gravar, pois, além do calor, eles não conseguiam enxergar nada pelo buraco das máscaras.

“Meu primeiro filme foi muito complicado, mas no final você conta com amor”, conta o diretor. “Foram 10 semanas – 5 de filmagem e 5 de pré-produção – que basicamente apagaram incêndios o dia todo.” Ele conta que uma cena fez ele e a equipe ficarem cobertos de sangue, além de que, no último dia de gravação, o cachorro do filme passou o tempo inteiro mordendo os atores.

Para viver o protagonista, Eneko Sagardoy mostrou um grande comprometimento, ele mudou sua aparência radicalmente, perdendo 12 kg para as gravações. Seu personagem é levado ao extremo no filme, até ter um colapso mental. Ele começa como vítima, mas acaba o filme no papel de carrasco. Uma série de fatores influenciam esta mudança drástica, como traumas de infância, solidão e a vida precária que vive.

Sobre a escolha do ator, o diretor fala que gostou de Sagardoy, pois ele consegue ser bastante aterrorizante: “Eneko transmite muita paz e fisicamente tem feições bonitas, mas olhando fotos achei uma promo de uma peça em que ele saiu com um gesto bem mais sinistro. Eu gostei que não era o aspecto de uma pessoa perigosa, que ele pode transmitir muita inocência e muita tristeza, mas que quando ele torce é aterrorizante”.

Para fazer o filme, Corral pesquisou muito sobre privação de sono e o quanto isso pode afetar a mente do ser humano. Ele disse que procurou sobre o assunto, pois teve uma época que dormia muito mal por conta de seus vizinhos e afirma: “é aterrorizante, e você entende por que eles usam isso como tortura“.

Depois da experiência de seu primeiro filme, o diretor já está trabalhando em outro projeto, só que, desta vez, uma animação para crianças maiores de 7 anos.