Cérebro e morte: estudo responde o que ocorre no órgão nos segundos finais

Pesquisadores conseguiram desvendar os mistérios da atividade cerebral no limiar da vida.

Um estudo realizado na Universidade Charité, na Alemanha, com participação da Universidade de Cincinnati, Estados Unidos, lançou luz sobre um dos fenômenos mais intrigantes da existência humana: os momentos finais da vida no cérebro.

Utilizando avançadas técnicas de monitoramento neural, a equipe identificou padrões e processos até então desconhecidos, revelando um intricado panorama dos segundos que antecedem a morte.

Compreendendo as últimas sinapses

O estudo concentrou-se na atividade cerebral de pacientes em estado terminal, revelando que à medida que a morte se aproxima, os neurônios enfrentam dificuldades em manter seus íons carregados, integrantes essenciais para a transmissão de sinais elétricos entre eles.

Com a diminuição do fluxo sanguíneo e, consequentemente, da oxigenação cerebral, as sinapses entre os neurônios cessam gradualmente, em uma tentativa do órgão de conservar energia diante do inevitável.

Atividade neural pré-morte abre novas perspectivas – Imagem: Patrick Lewson/Reprodução

Os especialistas identificaram um fenômeno denominado “depressão alastrante”, uma última onda de atividade elétrica caracterizada pela desativação sequencial das regiões cerebrais.

Tal processo marca o encerramento da atividade cerebral antes da morte completa, oferecendo insights valiosos sobre os limites e comportamentos do cérebro humano em seus momentos derradeiros.

Uma possibilidade surpreendente

Os achados do estudo sugerem uma janela de oportunidade para a reinicialização do cérebro em até cinco minutos após a parada cardíaca.

A descoberta levanta questões fascinantes sobre a natureza da consciência e da morte, desafiando conceitos preexistentes sobre o fim da vida humana.

Para o neurocirurgião Ajmal Zemmar, da Frontiers in Aging Neuroscience, a pesquisa revela que, mesmo diante da iminência da partida, o cérebro pode revisitar momentos significativos da vida do indivíduo.

Esse insight, segundo Zemmar, destaca o contínuo avanço da neurociência e sua capacidade de nos surpreender e inspirar.

Além disso, uma pesquisa realizada pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, sugere que a consciência pode persistir por alguns minutos após a morte clínica, desafiando conceitos tradicionais sobre o que ocorre além da vida.

Os relatos de indivíduos ressuscitados após paradas cardíacas concedem indícios intrigantes de uma possível continuidade da consciência além da fronteira da morte, lançando uma nova luz sobre um dos maiores enigmas da existência humana.

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